Segundo o ministro, determinação do presidente Lula é "resolver o problema" e, depois, planejar a melhoria dos serviços das distribuidoras de energia
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), anunciou nesta segunda-feira (14) um prazo de três dias para que a Enel solucione o apagão que afeta a cidade de São Paulo desde o temporal ocorrido na última sexta-feira (11). A cobrança ocorreu durante coletiva de imprensa na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, onde Silveira também responsabilizou a Prefeitura de São Paulo e criticou a fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), informa a Folha de S. Paulo.
O apagão deixou 537 mil clientes sem energia elétrica na capital paulista e na Grande São Paulo, segundo dados divulgados na manhã desta segunda-feira. Silveira ressaltou que grande parte do problema foi causada pela queda de árvores sobre o sistema elétrico. "Mais de 50% dos eventos foram causados por árvore caindo em cima do sistema de média e baixa tensão em São Paulo. O que hoje, infelizmente, as distribuidoras, por força legal e licença ambiental, não têm a prerrogativa de cuidar", afirmou o ministro.
O ministro defendeu a criação de uma solução legislativa que conceda às distribuidoras mais autonomia para lidar com essas questões, especialmente em municípios que, segundo ele, não cuidam adequadamente da infraestrutura urbanística. Além disso, Silveira apontou falhas na atuação da Aneel. Ele afirmou que a agência não tem sido eficiente na fiscalização, criticando duramente o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa Neto, por não atender a convocações de urgência. "Prova disso é a omissão de seu diretor-geral, ausente a uma convocação do ministro num ato de covardia", declarou.
As críticas de Silveira se intensificaram após o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ter publicado nas redes sociais que o ministro estaria discutindo a renovação do contrato da Enel, algo que foi classificado por Silveira como "fake news". A troca de farpas entre as autoridades colocou ainda mais pressão sobre a Enel, que até o momento não conseguiu restabelecer o fornecimento de energia na totalidade das regiões afetadas.
Além das cobranças em relação à atuação da distribuidora, Silveira destacou que o governo federal está buscando modernizar os contratos de concessão das distribuidoras de energia, com o objetivo de melhorar a eficiência do setor. Ele afirmou que a redução no número de funcionários e a priorização dos lucros acionistas pela Enel agravaram a situação. "Beirou a burrice de ela [a Enel] achar que ampliar e modernizar, para diminuir gente, ia resolver o problema", criticou.
O ministro deixou claro que a prioridade no momento é solucionar o problema imediato, conforme determinação do presidente Lula (PT). "A palavra de ordem agora é resolver o problema", disse Silveira. No entanto, ele também apontou que haverá uma segunda fase, dedicada ao planejamento para a melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados pelas distribuidoras de energia.
O apagão em São Paulo e a ineficiência no plano de resposta apresentado pela Enel geraram críticas em várias frentes. A companhia havia prometido 2,5 mil técnicos em campo, mas só conseguiu atingir esse número nesta segunda-feira, com a ajuda de equipes de outros estados. A troca de acusações entre o governo federal, o governo de São Paulo e a prefeitura da capital evidenciam as tensões políticas em torno da crise energética, que segue sem data definida para ser totalmente solucionada.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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