Desvalorização do câmbio e alta dos preços internos afetam a atração de turistas estrangeiros no país
O número de estrangeiros que visitaram a Argentina em agosto sofreu uma queda significativa de 24,3% em comparação ao mesmo mês do ano passado, conforme divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). A redução, que totalizou 810 mil visitantes, reflete o impacto da taxa de câmbio menos favorável para os turistas estrangeiros e o aumento dos preços internos, fatores que têm tornado a Argentina um destino menos acessível, informa a Rede Argentina.
Segundo o relatório do Indec, dos visitantes que chegaram ao país em agosto, cerca de 418 mil permaneceram por mais de um dia, representando uma queda de 17,5% em comparação ao mesmo período de 2023. Esse fluxo de turistas receptivos teve como origem principalmente os países vizinhos, com destaque para o Brasil (32,3%), Uruguai (17,1%) e Chile (9,9%). Além disso, outros 392 mil estrangeiros visitaram a Argentina sem pernoitar, fenômeno mais comum em cidades fronteiriças e em visitas rápidas a Buenos Aires, seja por via aérea, terrestre ou fluvial. Esse tipo de visita, denominado "excursionismo", também apresentou um declínio acentuado, com uma queda de 30,4% em relação a agosto do ano anterior.
O fator central para essa redução no turismo estrangeiro, segundo especialistas, está relacionado à variação cambial. Em 2023, o câmbio favorecia os visitantes, com o dólar alcançando valores muito atrativos em comparação aos preços locais. No entanto, ao longo dos últimos 12 meses, o dólar oficial subiu 270%, praticamente acompanhando a inflação de 267% no mesmo período. Já o dólar paralelo, no mercado ilegal, conhecido como "blue", subiu cerca de 90%. Esse cenário resultou em uma elevação dos preços relativos para quem paga em dólares, tornando a Argentina um destino mais caro do que no passado recente.
Por outro lado, o turismo emissor, ou seja, a saída de argentinos para outros países, registrou um aumento. Em agosto, 916 mil argentinos deixaram o país, 26,7% a mais do que em agosto de 2023. Desses, 513 mil eram turistas e 403 mil excursionistas. Esse crescimento está igualmente vinculado à taxa de câmbio, que, para os argentinos, se manteve menos impactada pela inflação interna, tornando as viagens ao exterior relativamente mais baratas do que no ano anterior. Os principais destinos foram Chile (16,7%), Brasil (16%) e Europa (15,5%).
A combinação de uma economia local fragilizada e uma taxa de câmbio menos atrativa para os estrangeiros tem gerado desafios para a Argentina, que, historicamente, se beneficiou de ser um destino turístico acessível para visitantes da América Latina e do mundo.
Fonte: Brasil 247 com informações da Rede Argentina
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