Crítica do jornalista aponta que a alta de 0,25 pontos percentuais da Selic coloca o Brasil na contramão do cenário internacional
Na última quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou um aumento de 0,25 pontos percentuais na Taxa Selic, elevando a taxa básica de juros do Brasil para 10,75%. Esse movimento coloca o país com a segunda maior taxa de juros real do mundo, atrás apenas da Rússia, um país em guerra. As consequências da decisão foram alvo de duras críticas por parte do jornalista Jeferson Miola, que, em entrevista ao Giro das Onze da TV 247, afirmou que o aumento representa uma verdadeira "sabotagem contra o governo".
Miola, que acompanha de perto a dinâmica política e econômica do país, não poupou palavras ao criticar o que considera uma manobra contracionista do Banco Central (BC), que vai na contramão das recentes decisões de bancos centrais ao redor do mundo. "Há 10 dias, o Banco Central Europeu baixou a taxa de juros, e ontem o Federal Reserve, dos Estados Unidos, cortou em 0,5 pontos percentuais. O Japão tem taxas de juros negativas. Mas o Brasil aumentou. É a segunda maior taxa de juros reais do mundo", destacou.
A votação unânime dos conselheiros do Copom, incluindo Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula para substituir Roberto Campos Neto à frente do Banco Central, gerou surpresa e decepção. Para Miola, a unanimidade levanta suspeitas. "Isso liga o alerta, sobretudo com as sinalizações de que o Banco Central pode iniciar um ciclo de aumentos da taxa de juros", disse ele, apontando que a decisão parece ser uma ação coordenada para sabotar o governo Lula.
Consequências para a economia brasileira
Miola expôs a gravidade da situação, contextualizando o impacto que a decisão terá no cenário econômico nacional. Ele citou o renomado economista Ladislau Dowbor, que definiu a alta dos juros como uma "sem-vergonhice", dado que não há razões técnicas que justifiquem tal medida neste momento. Segundo Miola, o aumento da Selic só beneficia o setor financeiro e os rentistas, ao mesmo tempo em que amplia o custo da dívida pública. "Hoje, o Brasil gasta anualmente cerca de R$ 700 bilhões apenas com o pagamento de juros da dívida, um valor que supera o orçamento combinado de saúde, educação e programas sociais como o Bolsa Família", alertou.
Esse cenário, segundo o jornalista, perpetua um ciclo de pilhagem dos recursos públicos. "O orçamento é desviado para pagar juros, drenando o dinheiro dos impostos, pagos pela maioria pobre, para encher os bolsos de um punhado de rentistas e financistas", argumentou. Ele ainda destacou que essa política acaba sendo uma forma de sufocar economicamente o governo, dificultando a implementação de políticas públicas voltadas para a maioria da população.
Alinhamento político do BC
Além dos aspectos técnicos e econômicos, Jeferson Miola também questionou o alinhamento político de membros do Copom, como Gabriel Galípolo. Para ele, é incompreensível que o novo indicado do governo tenha participado da votação unânime a favor do aumento da Selic. "Eu até entendia a tática em votações anteriores, para não comprometer a indicação do Galípolo. Mas agora, não é possível que ele não diga uma palavra dissonante em uma decisão tão prejudicial", criticou.
Miola ressaltou que o Banco Central, ao invés de buscar maneiras de incentivar o crescimento econômico e reduzir a inflação, está insistindo em uma política que perpetua o corte de gastos públicos e prioriza o pagamento de juros. "O principal gasto público que deveria ser cortado é o da dívida, que só aumenta à medida que a Selic sobe", defendeu.
Brasil na contramão do mundo
A decisão do Copom foi ainda mais criticada por estar desalinhada com o cenário global. Em contraste com a tendência de cortes de juros em grandes economias, o Brasil optou por elevar sua taxa. Miola considerou a decisão "vergonhosa" e concluiu que ela só serve aos interesses de uma elite financeira. "Enquanto o mundo todo está diminuindo os juros, o Brasil, que já tem uma das maiores taxas de juros reais, aumenta. Isso é um escândalo", finalizou.
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Fonte: Brasil 247
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