segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Mais cedo ou mais tarde, Turquia vai aderir ao BRICS, diz analista

 

Mustafa Recep Ercin destaca a crescente inclinação de Ancara para o bloco econômico como parte de sua estratégia de autonomia em relação ao Ocidente

Presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e da Rússia, Vladimir Putin (Foto: REUTERS)

Em uma análise publicada recentemente, o especialista econômico Mustafa Recep Ercin destacou que a Turquia está gradualmente consolidando sua posição como um Estado soberano, longe da influência dos Estados Unidos, e que sua adesão ao BRICS é apenas uma questão de tempo. A declaração foi dada em entrevista à Sputnik Brasil, onde Ercin avaliou o contexto geopolítico e as implicações da possível entrada de Ancara no bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“A Turquia não é uma colônia norte-americana. Somos um Estado independente e, mais cedo ou mais tarde, faremos parte do BRICS”, afirmou Ercin, apontando para as ambições comerciais turcas e sua busca por novas parcerias globais. O especialista acredita que a adesão da Turquia ao BRICS seria um movimento estratégico para diversificar suas alianças econômicas e afastar-se da dependência histórica da OTAN e da União Europeia.

Essa tendência foi confirmada recentemente pelo assessor presidencial russo Yuri Ushakov, que revelou que a Turquia já havia formalizado seu pedido de adesão ao BRICS. “A comunidade atlântica ficaria muito abalada se Ancara, membro da OTAN, decidisse ingressar no BRICS, que adota uma postura clara contra a hegemonia dos EUA e o domínio do dólar. Mas as ambições comerciais da Turquia estão muito além do que a União Europeia oferece atualmente”, declarou Ercin, destacando as dificuldades comerciais enfrentadas pelo país em sua relação com o bloco europeu.

A possível adesão da Turquia ao BRICS, porém, gera preocupações tanto no Ocidente quanto no próprio contexto da OTAN. O analista destaca que, embora os Estados Unidos mantenham muitos parceiros comerciais dentro do BRICS, a entrada da Turquia poderia abalar ainda mais as relações entre Ancara e Washington, que já enfrentam tensões em razão da política síria e outras questões geopolíticas. “A nova ordem mundial é multipolar, e todos os países precisam cooperar. Se os EUA continuarem inflexíveis, isso pode resultar em uma ruptura de laços com a Turquia”, acrescentou o especialista.

Além disso, Ercin sublinhou a crescente insatisfação da Turquia com a política dos EUA em relação ao norte da Síria, referindo-se ao apoio de Washington a grupos que Ancara considera hostis. Essa insatisfação contribui para a decisão da Turquia de buscar alternativas e ampliar suas alianças econômicas fora do eixo ocidental tradicional.

“A Turquia está trilhando seu próprio caminho e não precisa da aprovação dos EUA para isso. A entrada no BRICS será uma consequência natural de suas escolhas políticas e econômicas”, concluiu o analista, refletindo um sentimento crescente de que a Turquia está determinada a reconfigurar sua política externa, reafirmando sua soberania e se alinhando com novas potências globais.

A presidência do BRICS, atualmente sob liderança russa, já anunciou o ingresso de novos membros, como o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, aumentando o prestígio e a influência global do bloco. A entrada da Turquia, caso concretizada, pode reforçar ainda mais a dinâmica de um mundo cada vez mais multipolar e competitivo.

Enquanto isso, o cenário geopolítico global observa atentamente as movimentações de Ancara, que, ao equilibrar suas relações com o Ocidente e o Oriente, busca assegurar um lugar de destaque no novo contexto econômico e político mundial.

Fonte: Brasil 247 com Sputnik Brasil

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