Governo venezuelano e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra unem forças para fortalecer a produção agroecológica e garantir segurança alimentar
Em um movimento estratégico para impulsionar a produção agrícola e fortalecer a soberania alimentar, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu início a um projeto ambicioso em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (23), durante um encontro com lideranças do MST, entre elas João Pedro Stédile, um dos principais líderes do movimento, e Simone Magalhães, coordenadora da Brigada dos Sem Terra na Venezuela. O evento contou também com a presença de Ángel Prado, ministro das Comunas da Venezuela.
A notícia, originalmente publicada pela teleSUR, destacou o entusiasmo de Maduro com a colaboração entre os dois países, especialmente no que diz respeito ao resgate do conceito de "conuco" – uma forma tradicional de agricultura familiar sustentável. O objetivo principal dessa parceria é proporcionar segurança alimentar para as famílias venezuelanas por meio de um modelo agroecológico que promova a preservação ambiental, diversificação produtiva e o cuidado com a terra.
Durante o evento, Maduro não economizou elogios ao MST, afirmando: "somos admiradores do projeto do Movimento Sem Terra". O presidente venezuelano reconheceu a importância do modelo agrário brasileiro como referência não só para o seu país, mas para toda a América do Sul, destacando o papel crucial do movimento campesino na construção de uma nova economia e sociedade.
Experiência venezuelana e resiliência diante de crises
O presidente Maduro também fez questão de sublinhar o papel das Comunas e dos Conselhos Comunais no campo venezuelano, ressaltando como essas formas de organização política e social têm sido fundamentais para o desenvolvimento agrário no país. "O conceito da Comuna e dos Conselhos Comunais é mais forte no campo venezuelano", afirmou o mandatário, reafirmando seu compromisso com o fortalecimento do movimento revolucionário e alertando sobre o risco de estagnação: "o pior que pode acontecer a um movimento revolucionário é se acomodar e não traçar novos horizontes".
Em seu discurso, Maduro fez questão de enfatizar a resiliência da Venezuela frente às sanções internacionais e à crise econômica, classificando o processo de recuperação do país como um "milagre". Ele afirmou que, apesar das dificuldades impostas, o governo conseguiu manter serviços essenciais, como educação e saúde, e perguntou retoricamente: "o que aconteceria na Alemanha e em outros países se perdessem 99% de suas receitas?"
Nova fase de cooperação agrária
A parceria entre o governo venezuelano e o MST se consolidou oficialmente em 9 de setembro, quando foi acordada a produção conjunta de alimentos em uma área de mais de 10 mil hectares no estado de Bolívar, no sul da Venezuela. O MST, que atua no país há quase 20 anos, tem colaborado com as comunidades locais em projetos de agroecologia, oferecendo capacitação técnica e ajudando na produção de alimentos orgânicos.
Maduro destacou ainda o projeto agrário "La Vergareña", que ele descreveu como um símbolo do progresso do país na produção de alimentos. "Pela primeira vez em 120 anos, desde que o petróleo se tornou hegemônico, nunca se produziram alimentos na Venezuela como agora", comparou o presidente, exaltando que atualmente 100% dos alimentos que chegam à mesa das famílias venezuelanas são produzidos internamente.
Para finalizar, Maduro fez um apelo à força campesina para que participe ativamente desse projeto, transformando-o em um modelo de produção baseado em valores, consciência social e economia solidária. Ele ressaltou a importância de acelerar os esforços para consolidar esses avanços e afirmou que a Venezuela está entrando em uma nova fase no cenário geopolítico sul-americano e mundial.
Fonte: Brasil 247 com informações da TeleSur
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