O pretexto para a matança é o combate ao Hezbollah
Fumaça sobe sobre o sul do Líbano após ataques israelenses (Foto: Reuters/Aziz Taher)
Israel intensificou seus ataques aéreos ao Líbano, deixando um saldo trágico de mais de 700 mortos, muitos deles civis, sem sinais de uma pausa nas hostilidades. Em meio ao crescente clamor internacional por um cessar-fogo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou a continuidade da ofensiva, apesar de conversas diplomáticas sugerirem um possível acordo. Segundo a Al Jazeera, a falta de interesse de Israel em interromper as ações militares está diretamente ligada ao cenário político interno, onde Netanyahu experimenta um aumento significativo em sua popularidade desde o início do conflito.
“Israel continuará com toda a força”, afirmou Netanyahu, em resposta às pressões internas e externas por uma trégua. Para ele, a percepção de que o exército israelense está alcançando vitórias estratégicas sobre o Hezbollah reforça a decisão de manter as operações militares, algo que a opinião pública israelense, majoritariamente, apoia.
Os ataques aéreos mais recentes atingiram duramente áreas no sul do Líbano, como a cidade de Shebaa, onde nove membros de uma mesma família foram mortos, incluindo quatro crianças, conforme relatado pela agência de notícias Reuters. A crescente devastação civil também resultou no fechamento de 37 hospitais governamentais na região, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitos deles localizados em áreas próximas à fronteira com Israel. O diretor do hospital de Bint Jbeil justificou o fechamento devido à proximidade dos bombardeios. "Não há confiança de que hospitais não serão atingidos", disse ele, mencionando os frequentes ataques a unidades médicas em Gaza como razão para a decisão.
Além disso, a morte de Hussein Surur, comandante da unidade aérea do Hezbollah, em um ataque aéreo israelense no subúrbio de Dahiyeh, em Beirute, demonstra a precisão com que Israel tem identificado e eliminado líderes-chave do grupo. Surur, também conhecido como Hajj Abu Saleh, fazia parte do Hezbollah desde a década de 1980 e estava envolvido em operações estratégicas tanto no Líbano quanto na Síria.
O Reino Unido, juntamente com os Estados Unidos e a França, figura entre os aliados de Israel que têm pressionado por uma solução negociada e imediata para o conflito. Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, se reuniu com o líder libanês, Najib Mikati, para discutir a necessidade urgente de cessar os ataques. Starmer expressou suas condolências pelas vítimas civis e destacou a importância de uma solução pacífica e negociada.
Enquanto isso, o Líbano segue sendo alvo de bombardeios, com ataques não apenas a instalações militares do Hezbollah, mas também a áreas civis. Analistas de defesa do Critical Threats Project e do Institute for the Study of War destacam que apenas ataques aéreos não serão suficientes para conter o lançamento de foguetes pelo Hezbollah. "A campanha aérea, mesmo sendo executada de forma eficiente, não pode parar os disparos de mísseis", afirmaram em um relatório conjunto.
A situação se complica ainda mais com o envolvimento de outros países. O Japão, por exemplo, pediu que seus cidadãos deixem o Líbano imediatamente, juntando-se a outras nações, como Itália, Bélgica, EUA e Rússia, que já emitiram alertas semelhantes. Em resposta ao agravamento do conflito, o governo japonês também está preparando aviões militares para uma eventual evacuação de seus cidadãos da Jordânia.
Enquanto os bombardeios persistem e a diplomacia internacional tenta desesperadamente conter a escalada, o futuro da região permanece incerto. Israel continua sua ofensiva, e o Hezbollah responde com foguetes e operações táticas, levando a uma intensificação do conflito que parece longe de um desfecho pacífico. A tragédia humanitária se agrava, e o número de vítimas civis continua a crescer, enquanto o mundo aguarda por uma possível trégua.
Fonte: Brasil 247 com informações da Al Jazeera
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