'Só afasta o capital especulativo', pontuou o ministro. 'O capital que vai investir por 20 ou 30 anos não é afetado', acrescentou
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste domingo (22) que os incêndios no Brasil não vão afastar investimentos estrangeiros. "Acredito que não [afasta investimentos]. Só [afasta] o capital especulativo, mas o capital que vai investir no Brasil por 15, 20 ou 30 anos não é afetado. Mas temos que cuidar deste cenário, claro", disse o titular da Fazenda. "A tragédia no Rio Grande do Sul foi superada com dedicação do governo federal, com apoio dos estados e municípios. Temos que trabalhar em parceria", comparou.
Entre janeiro e 16 de setembro de 2024, os prejuízos com incêndios florestais chegaram a R$ 1,1 bilhão no Brasil, valor 33 vezes maior do que as perdas no mesmo período do ano passado (R$ 32,7 milhões), apontou a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Na economia, o Brasil foi o segundo principal destino de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) em 2023. Entraram US 64 bilhões no país, volume só menor que o dos Estados Unidos (US$ 341 bilhões). O Canadá ficou em terceiro lugar (US$ 50 bilhões), no Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em solo brasileiro, a queda do IED foi de 13% em relação a 2022. A redução é menor que a registrada em países relevantes, como China (78%), Índia (44%), Itália (43%), Espanha (20%) e França (18%). Em relação aos países que registraram aumento nos fluxos de IED recebidos em 2023, merecem destaque a Argentina (49%), Alemanha (34%) e Chile (25%).
No caso dos incêndios, 11,39 milhões de hectares foram destruídos de janeiro a agosto de 2024 no país, apontou o Monitor do Fogo Mapbiomas. Desse total, 5,65 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo apenas no mês de agosto, o que equivale a 49% do total deste ano. Na comparação entre agosto de 2023 e de 2024, os incêndios afetaram 3,3 milhões de hectares a mais este ano, registrando um crescimento de 149%.
Para o período, os estados do Mato Grosso, Roraima e Pará foram os mais atingidos, respondendo por mais da metade, 52%, da área atingida pelo fogo. São três estados da Amazônia, bioma mais atingido até agosto de 2024. O fogo consumiu 5,4 milhões de hectares do bioma nesses oito meses.
Números por bioma
Em agosto, o Cerrado foi o bioma com a maior área queimada, somando 2,4 milhões de hectares, ou 43% do total no Brasil no período. Essa vegetação tem mais de 2 milhões de quilômetros quadrados (Km²) - cerca de 22% do território nacional. Esse tipo de fauna se espalha em estados da Região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), Nordeste (Maranhão, Piauí e Bahia), Norte (Rondônia, e em partes do Amapá, do Amazonas e de Roraima).
A Amazônia ficou em segundo lugar entre os biomas de maior área queimada em agosto (2 milhões de hectares). A região da Amazônia Legal é formada por nove estados - Amazonas, Amapá, Acre, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Essa vegetação nas unidades federativas mencionadas representa mais de 5 milhões de quilômetros quadrados (Km²), cerca de 60% do território brasileiro.
Com mais de 200 quilômetros quadrados (km²), o Pantanal registrou área queimada 249% maior entre janeiro e agosto de 2023, na comparação com a média dos cinco anos anteriores. Foram queimados 1,22 milhão de hectares, 874 mil a mais que a média – sendo que 52% desse total foi destruído em agosto na vegetação, que tem 65% de sua área no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso, ambos na Região Centro-Oeste. Os 648 mil hectares consumidos pelas chamas nesse mês representam a maior área queimada registrada no bioma em agosto, segundo o Monitor do Fogo.
Governo
O governo federal criou o Comitê Interinstitucional de Gestão e do Comitê Executivo, no âmbito do Pacto pela Transformação Ecológica entre os três Poderes do Estado brasileiro, instituído há menos de um mês no Palácio do Planalto. Também destinou R$ 154 milhões para ações emergenciais de combate aos efeitos dos incêndios e à situação de grave estiagem que atinge grande parte da Região Norte e a Amazônia Legal.
Em Nova York, Haddad apresentará a investidores o Tropical Forest Facility Fund (TFFF – Fundo de Apoio às Florestas Tropicais, em tradução livre). Criado em parceria entre o Ministério da Fazenda e o Ministério do Meio Ambiente, o programa pretende fundos para a proteção das florestas tropicais
Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil
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