O ex-presidente Jair Bolsonaro abraçando Alexandre Ramagem, candidato no Rio de Janeiro. Foto: reprodução
Três candidatos que foram figuras-chave no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentam dificuldades na reta final das eleições municipais, com baixo desempenho nas pesquisas de opinião. Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin, Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde, e Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, todos do Partido Liberal, aparecem distantes de seus adversários e, segundo as últimas pesquisas, não devem chegar ao segundo turno em suas respectivas cidades.
No Rio de Janeiro, Ramagem aparece com 17% das intenções de voto, muito atrás do atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que lidera com 59%, de acordo com o Datafolha. Em Recife, Gilson Machado, conhecido por suas participações musicais nas lives do ex-presidente, está com 9% das intenções de voto. Já em João Pessoa, Marcelo Queiroga tem apenas 11%, segundo pesquisa Quaest.
O enfraquecimento das candidaturas dos bolsonaristas reflete a perda de influência do ex-presidente, avalia o cientista político Leandro Consentino, do Insper. “Pesa a questão de que ele não está mais no poder. Quando você não exerce mais nenhum cargo, o fato de apoiar um candidato não tem mais tanto efeito”, explicou Consentino em entrevista ao Uol.
Marcelo Queiroga, candidato em João Pessoa, e Gilson Machado, bolsonarista de Recife. Foto: reprodução
A baixa competitividade dos apadrinhados de Bolsonaro contrasta com o desempenho de 2022, quando o ex-presidente conseguiu eleger ao menos 12 ex-integrantes de seu governo para cargos no Congresso Nacional e governos estaduais.
Nomes como Tarcísio de Freitas, que venceu Fernando Haddad (PT) na disputa pelo governo de São Paulo, Damares Alves, Marcos Pontes e Hamilton Mourão, que conquistaram vagas no Senado, e Ricardo Salles e Eduardo Pazuello, que foram eleitos deputados, estão entre os mais destacados.
Para Consentino, o contexto local é outro fator determinante nas eleições municipais. Eleitores tendem a focar em questões mais próximas de sua realidade cotidiana, como a zeladoria das cidades e a atuação de figuras políticas regionais.
“A população considera mais a dinâmica do próprio município, com preocupações mais locais. O Eduardo Paes, por exemplo, é uma liderança forte no Rio de Janeiro e conseguiu formar uma coligação ampla, superando a força de Bolsonaro”, pontuou.
O cientista político Pedro Fassoni Arruda, da PUC-SP, também observou que, com Bolsonaro fora da Presidência e inelegível até 2030 após a condenação no TSE, sua influência como cabo eleitoral diminuiu. “Vemos muito mais os candidatos a prefeito associando suas imagens aos governadores”, afirmou Fassoni.
Ele destaca o caso de Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, que busca a reeleição com o apoio de Tarcísio de Freitas, mas com uma participação tímida de Bolsonaro, que apareceu apenas virtualmente em sua campanha.
Segundo uma pesquisa da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o apoio explícito de Bolsonaro pode tirar votos de Nunes enquanto a referência do presidente Lula (PT) a Guilherme Boulos (PSOL), por exemplo, faz o deputado federal ganhar votos em um possível segundo turno.
Fonte: DCM
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