domingo, 15 de setembro de 2024

Eleições apontam para a “decadência do bolsonarismo”, diz Reinaldo Azevedo

 

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil. Foto: Evaristo Sá/AFP

O jornalista Reinaldo Azevedo, em sua coluna do Uol, faz uma análise do bolsonarismo à luz do desempenho nas pesquisas dos candidatos que defendem as bandeiras do inelegível. 

Em sua opinião, é clara a “decadência de Bolsonaro” tanto pelo surgimento de um potencial sucessor, Pablo Marçal, quanto pela pífia pontuação de Alexandre Ramagem na corrida pela prefeitura do Rio de Janeiro. Confira trechos:

A eleição na cidade de São Paulo é importante, sabemos, não pelo reflexo que possa ter na sucessão presidencial ou por seu eventual caráter de amostragem do, digamos, “estado ideológico geral”. As questões locais, ligadas às tarefas da prefeitura, que tem um impacto importante no dia a dia das pessoas, pesam muito mais, ainda que as rinhas ideológicas se manifestem. (…)

Por que o pleito na maior cidade do país reveste-se de especial interesse? Junto com a disputa eleitoral, assiste-se a um embate na extrema direita que pode, este sim, impactar a eleição presidencial de 2026. Pode-se dizer que o extremismo demonstra a sua força, mas que o Bolsonaro é apenas uma chave de identificação da algaravia reacionária.(…)

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de SP, e Jair Bolsonaro (PL). Foto: reprodução

Ocorre que, desde a derrota eleitoral e o ataque golpista às respectivas sedes dos Três Poderes, o dito “Mito” mais se ocupa de tentar salvar-se no Supremo do que de alimentar com despautérios novos, ainda que sobre os temas de sempre, aqueles que já foram chamados “minions” ou “gado”. Ou por outra: ele refreou, em larga medida, a produção de distopias disruptivas e contra “o sistema”. A ignorância de Pablo Marçal é assombrosa, como se percebe por seu discurso. Não é raro que empregue palavras cujo sentido obviamente desconhece. Mas está longe de ser burro.(…)

Ele farejou um Bolsonaro um tanto burocrático, que perdeu parte do “elã vital” — em matéria de extrema direita, deve-se dizer “elã mortal” — que mobilizava rancores primitivos, ódios incuráveis e preconceitos arraigados. Sim, o “Mito” segue sendo o mesmo, mas a sua causa, tudo indica, parece menos “pública” hoje do que antes e mais voltada para o seu próprio interesse. E então surgiu um “coach”, que recorreu à Internet, para roubar o patrimônio de um velho (…)

Bolsonaro adora se mirar em Lula. É quase patológico. Perdeu mais uma para a sua nêmesis. O processo sucessório no PT ou no campo progressista está longe de começar. Não há nem sinal. Na extrema direita, no entanto, já está em andamento. O Mito tinha pés de barro. E todos sabem que ainda vai para a cadeia.

Fonte: DCM

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