Antes de fazer a ligação, o político da extrema-direita convocou apoiadores para a manifestação na Avenida Paulista, onde bolsonaristas devem atacar o STF
Montagem (da esq. para a dir.): Jair Bolsonaro, Pablo Marçal e Alexandre de Moraes (Foto: Divulgação)
Jair Bolsonaro (PL) ligou para o candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) e o convidou para participar de um ato em defesa do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, marcado para ocorrer na Avenida Paulista, no próximo sábado (7). A informação foi publicada na coluna de Igor Gadelha.
Na véspera da ligação, o ex-mandatário, inelegível, convocou apoiadores para a manifestação. O telefonema aconteceu na manhã de quinta-feira (29). "É um movimento suprapartidário. E como um candidato a prefeito da capital queria comparecer, nós autorizamos. Assim como qualquer outro candidato a prefeito da capital está autorizado a subir no carro de som também", disse o político da extrema-direita em vídeo.
Antes de Marçal alcançar as três primeiras posições, o ex-mandatário indicava entusiasmo por Nunes, apoiado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura na gestão federal bolsonarista. Bolsonaro estaria preocupado com o impacto negativo para Tarcísio caso este continue a apoiar Nunes, em queda nas intenções de voto.
Uma pesquisa da Quaest apontou o candidato do PSOL à prefeitura da capital paulista, Guilherme Boulos, com 22%. Marçal e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ficaram empatados com 19% cada. Um levantamento do Datafolha mostrou Boulos com 23%, Marçal com 21% e Nunes com 19%.
Moraes e os ataques ao Judiciário
O ministro do STF tem atuação em inquéritos como o das fake news, o do plano golpista, o da venda ilegal de joias, e o das fraudes em cartões de vacinação. Ao ligar para Marçal e incentivar a convocação para os atos na Avenida Paulista (SP), Bolsonaro deu continuidade à sua estratégia, frequentemente usada durante seu governo, de argumentar que o STF persegue a extrema-direita e atrapalhou sua gestão (2019-2023). No seu mandato, Bolsonaro também defendeu a participação das Forças Armadas na apuração do resultado da eleição presidencial.
Críticas ao Judiciário são uma estratégia de Steve Bannon, que buscou levar partidos de direita ao poder nos Estados Unidos e em outros países. Em janeiro de 2021, após a derrota de Donald Trump (Partido Republicano), apoiadores do ex-presidente invadiram o Congresso dos EUA, alegando fraude no sistema eleitoral. Bannon, que foi estrategista de Trump, encontrou-se com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA após o segundo turno da eleição de 2022 no Brasil e aconselhou o parlamentar a questionar o resultado.
No primeiro semestre de 2024, a Polícia Federal iniciou a Operação Tempus Veritatis ("A Hora da Verdade") para obter mais detalhes sobre um suposto plano golpista e punir os envolvidos. A tentativa de ruptura institucional previa a prisão de Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes (outro ministro do STF), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Atualmente, Bolsonaro está inelegível por disseminação de fake news, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023. No ano anterior, o político de extrema-direita acusou, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro de ser vulnerável a fraudes durante uma reunião com embaixadores em Brasília (DF).
Fonte: Brasil 247 com informações da coluna do jornalista Igor Gadelha, no Metrópoles
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