As apostas em um ciclo de alta de juros foram reforçadas por uma postura mais dura do BC, liderada principalmente pelo Gabriel Galípolo
SÃO PAULO (Reuters) - A XP Investimentos e o BTG Pactual se juntaram nesta segunda-feira ao crescente número de economistas que preveem um ciclo de alta de juros a partir da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em setembro.
A XP elevou para 11,75% sua projeção para a Selic ao final deste ano, com o ciclo de aperto monetário começando já no próximo mês, e estimou que a taxa básica chegará a 12% em janeiro de 2025, disse a plataforma de investimentos em relatório nesta segunda-feira.
Anteriormente, a expectativa da XP era de que a Selic terminasse 2024 em 10,50%, patamar em que está atualmente. Para o final de 2025, a XP espera uma Selic de 12%, mas alertou que pode calibrar este cenário no futuro.
"O Copom deve iniciar um ciclo moderado de ajuste monetário já em setembro. Projetamos que a taxa Selic atingirá 12,00%, após uma alta de 0,25 ponto percentual, seguida de duas altas de 0,50 pp e uma final de 0,25 pp em janeiro do ano que vem", afirma o relatório assinado pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, e equipe.
"Considerando que vamos nos distanciar ainda mais do nível neutro de juros, é provável que o Copom encontre espaço para cortes no final de 2025 ou início de 2026. Aguardaremos a evolução dos dados antes de calibrar esse cenário. Por ora, manteremos a projeção de taxa Selic em 12,00% para o final de 2025."
O BTG Pactual, que divulgou um relatório nesta segunda-feira estimando exatamente as mesmas elevações para um próximo ciclo de aperto monetário, com a Selic atingindo 12%, avaliou que "a ação está se tornando cada vez mais necessária".
A ASA Investiments também prevê uma trajetória igual, disse à Reuters Fabio Kanczuk, diretor de investimentos da financeira e ex-diretor de Política Econômica do BC. Ele espera que, após esses ajustes na Selic, os dirigentes do BC "façam uma pausa para avaliar".
As apostas em um ciclo de alta de juros foram reforçadas por uma postura mais dura do BC, liderada principalmente pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, visto como um provável sucessor do presidente Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro.
Nas últimas duas semanas, Galípolo destacou que, em sua visão, o balanço de riscos para a inflação é assimétrico e inclinado para cima, e que um aumento de juros está sobre a mesa -- uma mensagem reforçada pelo próprio Campos Neto.
No fim de julho, os dirigentes do BC mantiveram a Selic em 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva, mas elevaram o tom das preocupações com a inflação.
INFLAÇÃO E PIB
A XP elevou ainda expectativa para o IPCA, índice de referência para o regime de metas de inflação, para 4,4% ao final deste ano, ante previsão anterior de alta de 4,1%. A meta de inflação é de 3%, com banda de tolerância 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para o final de 2025, a XP reduziu sua projeção para o IPCA para 4%, ante 4,3% estimados anteriormente.
A plataforma informou ainda que elevou para 2,7% a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, ante projeção de 2,2%. Para 2025, a previsão foi reduzida para 1,6%, ante 1,7%
A XP manteve a projeção para o câmbio em 5,40 reais tanto para o final deste ano quanto para o encerramento do ano que vem.
O Copom se reunirá novamente nos dias 17 e 18 de setembro.
Fonte: Brasil 247 com Reuters
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