Especialistas reforçam a suspeita de que houve acúmulo de gelo nas asas, causando perda de sustentação da aeronave
Os jornais em suas edições deste sábado (10) destacam o acidente com o avião turboélice bimotor da Voepass (antiga Passaredo), que matou 62 pessoas e abordam as possíveis causas do acidente aéreo, o quinto mais letal em solo brasileiro. Ainda não se sabe o que provocou a tragédia, mas a formação de gelo nas asas da aeronave é uma linha forte de investigação dos militares Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O acúmulo de gelo causa distorção na aerodinâmica da asa, além de impor um excessivo aumento de peso, o que provoca a perda da sustentação e queda, disse uma fonte no órgão.
Empresa aérea corrige número de mortos
A empresa Voepass, em nota na manhã deste sábado (10), corrigiu a informação anterior de 61 mortos, acrescentando mais um passageiro que estava na aeronave. Trata-se de Constantino Maia, do Rio Grande do Norte.
A Voepass informou que os sistemas da aeronave modelo ATR-72 estavam em funcionamento no momento da decolagem. A empresa vai enviar ao órgão o histórico de inspeção continuada da aeronave, o que pode ajudar na investigação.
O avião ia de Cascavel, no Paraná, para Guarulhos, em São Paulo.
O que aconteceu
A aeronave perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.
Registros do site mostram que o turboélice começou a perder altitude às 13h20, quando estava a cerca de 5.100 metros. Cerca de um minuto depois, atingiu 1.798 metros, a última atualização disponível.
Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
O órgão informou que o voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20 e, às 13h22, um minuto após deixar de responder, houve a perda de contato com o radar. O avião caiu em uma área residencial no bairro Capela.
Especialistas em aviação indicaram duas hipóteses principais para a queda da aeronave, embora enfatizem que é prematuro tirar conclusões antes da conclusão das investigações.
Vídeos capturados no momento do acidente mostram a aeronave descendo em queda livre, realizando uma manobra conhecida como “parafuso chato”, o que indica uma possível perda de controle por parte do piloto e impossibilidade de arremeter.
Falha elétrica é pouco provável
As duas possibilidades mais discutidas são uma falha no sistema de degelo, considerando a suspeita de acúmulo de gelo nas asas, e uma falha na posição das hélices, ambas afetando a tração da aeronave.
Segundo os especialistas, é improvável que uma falha elétrica ou no motor tenha causado o acidente, pois sistemas auxiliares evitariam a queda livre, e a hipótese de pane seca também foi descartada, já que o combustível queimou ao atingir o solo.
Alerta para formação de gelo severo
O avião estava em uma região com alertas para a formação de gelo severo na altitude em que perdeu contato com o radar. A Voepass, responsável pela aeronave, afirmou nesta sexta-feira que ainda não possui informações sobre a causa do acidente. Um representante da empresa informou que o avião havia passado por uma manutenção de rotina na noite anterior à queda.
Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S.Paulo e de O Globo
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