Um documento obtido pelo jornal O Globo revelou detalhes sobre a inspeção do avião ATR-72 da VoePass que caiu na última sexta-feira (9) em Vinhedo, São Paulo. O relatório indica que a aeronave apresentava vários problemas com "ação corretiva retardada", ou seja, com reparos pendentes. Embora muitos dos itens listados sejam de natureza trivial, como cortinas rasgadas e assentos quebrados, quatro deles têm potencial para interferir na operação da aeronave, incluindo um defeito no painel de navegação.
Entre as pendências mais graves relatadas, destaca-se um problema no EHSI (Indicador Eletrônico de Situação Horizontal), um dispositivo crucial para a visualização de dados de navegação pelos pilotos. Embora o EHSI não seja indispensável nem obrigatório, sua função é integrar, em uma única tela, informações de bússola, GPS, radar e outros dados, facilitando a leitura em situações críticas. A ausência desse dispositivo pode aumentar a carga de trabalho dos pilotos, especialmente em momentos em que é necessário consultar múltiplos indicadores simultaneamente. Em certas categorias de aeronaves e tipos de rotas, o uso do EHSI é exigido por agências de segurança.
Apesar das revelações contidas no documento, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) ainda não confirmou se o problema no EHSI teve algum impacto no acidente.
Além do defeito no EHSI, o relatório identificou outros três problemas, considerados menores, mas que também poderiam impactar a operação da aeronave. Um deles foi uma luz de alerta acendendo na ignição do motor, o que poderia indicar uma falha no sistema de ignição. Outro problema relatado foi a inoperância de um dos freios de roda, utilizados durante a aterrissagem e o taxiamento. O relatório também apontou que o limpador de para-brisa do lado do copiloto estava quebrado. Além disso, dois assentos de passageiro apresentavam problemas na fivela do cinto de segurança.
Os demais itens listados no relatório são considerados de menor relevância para a operação segura do avião, mas sugerem um descuido na manutenção voltada ao conforto dos passageiros. Entre os problemas citados estão rasgos no carpete, defeitos no ar-condicionado e a falta de um porta-copos no assento do piloto.
Em resposta às informações divulgadas, a VoePass emitiu um comunicado à imprensa, no qual afirma que a aeronave estava em conformidade com os padrões exigidos para decolagem. "A VOEPASS reitera que a aeronave estava aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo com todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente", diz a nota. A companhia aérea também destacou que está colaborando prontamente com as investigações para que os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível. Além disso, a VoePass informou que está prestando apoio às famílias das vítimas do acidente, oferecendo transporte, hospedagem e suporte emocional.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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