sábado, 10 de agosto de 2024

Parafuso chato, caixa preta e gelo: Tudo o que se sabe sobre queda de avião em SP que matou 61 pessoas

 

Avião caído em Vinhedo. Foto: Reprodução

Na última sexta-feira (9), um avião da Voepass, antiga Passaredo, caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, causando a morte de todas as 61 pessoas a bordo. Apesar da gravidade do acidente, nenhum morador do bairro foi atingido.

Desde as primeiras horas após o tragédia, que é a quinta maior na história da aviação do Brasil, peritos da Aeronáutica e a Polícia Federal (PF) estão conduzindo investigações para entender por que a aeronave perdeu velocidade, o que levou à perda de pressão aerodinâmica nas asas.

O avião, de prefixo PS-VPB, havia decolado de Cascavel, no Paraná, às 11h46, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e deveria pousar às 13h50. Essa era a quarta viagem do dia da aeronave turboélice ATR-72, que possui 73 assentos.

Embora a Voepass considere prematuro determinar a causa exata do acidente, a principal suspeita até agora é a formação de gelo nas asas da aeronave. A empresa reconheceu que o modelo é suscetível ao gelo, e isso está sendo um dos focos das investigações.

A companhia aérea afirmou que a aeronave partiu do Paraná com todas as condições operacionais adequadas para o voo. Os dados finais do voo indicam que, pouco antes da queda, o avião estava a uma altitude de 5.190 metros.

Gelo e “parafuso chato”

Ao longo do dia, imagens que mostravam o avião caindo em “parafuso chato” levaram pilotos e especialistas em aviação a buscar possíveis causas para a redução drástica de velocidade que provocou essa situação. A teoria mais discutida é o acúmulo de gelo nas asas, que teria comprometido a aerodinâmica e possivelmente afetado o funcionamento do motor.

No estado de “parafuso chato”, o avião perde a capacidade de voar para frente e cai verticalmente, girando sem sustentação. O piloto tenta ajustar os flaps das asas para mudar a trajetória, mas sem a velocidade necessária, as asas perdem a pressão aerodinâmica e o avião fica fora de controle.

A sustentação do avião depende da velocidade, que desloca o ar sob as asas. No caso desse voo, a aeronave perdeu 4 mil metros de altitude em cerca de um minuto, caindo a aproximadamente 240 km/h.

Embora existam manobras para corrigir a situação de “parafuso chato”, as possibilidades são limitadas quando a aeronave já está em baixa altitude.

Quem era o piloto?

Danilo Santos Romano, o comandante do voo 2283 da Voepass, tinha 35 anos e iniciou sua carreira como co-piloto de A320 na Avianca. Após três anos, foi promovido a co-piloto de A330 para voos internacionais.

Com a falência da Avianca, ele trabalhou na Air Astana, no Cazaquistão, antes de ingressar na Voepass. Ele foi promovido a comandante em julho do ano passado e, recentemente, concluiu uma pós-graduação em gestão de segurança de voo.

Danilo Santos Romano, piloto de aeronave que caiu em Vinhedo-SP tinha mais de dez anos de experiência
O piloto Danilo Santos Romano. Foto: reprodução

Contato com a torre

Após o acidente, surgiram rumores em grupos de WhatsApp de que o piloto teria pedido permissão para reduzir a altitude devido à presença de gelo entre 12 mil e 21 mil pés, mas que esse pedido teria sido negado. Contudo, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que não há registro desse contato.

“Até o momento, não se identificou nenhum contato da aeronave, dos pilotos, com as torres de controle. Essa é uma informação importante, até porque algumas notícias surgiram nas redes sociais, mas é hora de muita serenidade e equilíbrio”, disse.

Resgate

O avião caiu em um condomínio fechado em Vinhedo (SP), e, apesar da gravidade do acidente, não houve feridos em solo. O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar as chamas por volta das 17h15, mas a operação de resgate dos corpos das vítimas se estendeu até a madrugada de sábado (10).

Os corpos foram levados ao Instituto Médico-Legal (IML) em São Paulo para identificação. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) tomou essa decisão devido à necessidade de uma infraestrutura adequada para lidar com a complexidade da situação, já que muitos corpos ficaram carbonizados e precisarão passar por exames de DNA para confirmação de identidade.

O morador da casa onde a aeronave caiu disse à jornalistas que as três pessoas que estavam na residência “estão bem”.

Luiz Augusto de Oliveira afirmou que, no momento da colisão, eles pensaram se tratar de um helicóptero em pane. “Eu estava saindo da residência quando vimos a aeronave explodindo na garagem. Perdemos bastante coisa. Mas, diante de tudo que aconteceu, foi o menor possível. Foram bens materiais”, contou.

A caixa preta

Em relação à investigação, o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), anunciou que os gravadores de voz e de dados do avião, conhecidos como “caixa-preta”, foram recuperados.

Os dispositivos foram encontrados no local do acidente pelos investigadores do Cenipa e serão encaminhados para um laboratório em Brasília, onde passarão por uma análise minuciosa.

As vítimas

Todas as vítimas tinham nacionalidade brasileira. Os passageiros eram, sobretudo, de Cascavel e de São Paulo. Confira a lista:

Lista de Passageiros

  1. Rosangela Souza
  2. Eliane Andrade Freire
  3. Luciani Cavalcanti
  4. José Fer
  5. Denilda Acordi
  6. Maria Auxiliadora Vaz de Arruda
  7. José Cloves Arruda
  8. Nélvio José Hubner
  9. Gracinda Marina Castelo da Silva
  10. Ronaldo Cavaliere
  11. Silvia Cristina Osaki
  12. Wlisses Oliveira
  13. Hialescarpine Fodra
  14. Daniela Schulz Fodra
  15. Regiclaudio Freitas
  16. Simone Mirian Rizental
  17. Josgleidys Gonzalez
  18. Maria Parra
  19. Joslan Perez
  20. Mauro Bedin
  21. Rosangela Maria de Oliveira
  22. Antonio Deoclides Zini Junior
  23. Kharine Gavlik Pessoazini
  24. Mauro Sguarizi
  25. Leonardo Henrique da Silva
  26. Renato Bartnik
  27. Hadassa Maria da Silva
  28. Raphael Bohne
  29. Renato Lima
  30. Rafael Alves
  31. Lucas Felipe Costa Camargo
  32. Adrielle Costa
  33. Laiana Vasatta
  34. Ana Caroline Redivo
  35. José Carlos Copetti
  36. André Michel
  37. Sarah Sella Langer
  38. Edilson Hobold
  39. Rafael Fernando dos Santos
  40. Lizibba dos Santos
  41. Paulo Alves
  42. Pedro Gusson do Nascimento
  43. Rosana Santos Xavier
  44. Thiago Almeida Paula
  45. Adriana Santos
  46. Deonir Secco
  47. Alípio Santos Neto
  48. Raquel Ribeiro Moreira
  49. Adriano Daluca Bueno
  50. Miguel Arcanjo Rodrigues Junior
  51. Diogo Ávila
  52. Luciano Trindade Alves
  53. Isabella Santana Pozzuoli
  54. Tiago Azevedo
  55. Mariana Belim
  56. Arianne Risso

Lista dos Tripulantes

  1. Débora Soper Ávila – 28 anos
  2. Rúbia Silva de Lima – 41 anos
  3. Humberto de Campos Alencar e Silva – 61 anos
  4. Danilo Santos Romano – 35 anos
Tripulantes do avião de Vinhedo (SP). Foto: Divulgação

Fonte: DCM

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