O ex-jogador foi um personagem importante contra a extrema direita nas últimas eleições na França
Raí, ídolo do Paris Saint-Germain (PSG) e figura respeitada pelo futebol mundial, recentemente concluiu um mestrado em Políticas Públicas na prestigiada Sciences Po, em Paris. Durante sua trajetória, Raí não apenas encantou os campos de futebol, mas também se engajou profundamente em questões políticas e sociais.
Em entrevista a Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o ex-jogador compartilhou suas reflexões sobre o atual cenário político francês, onde a ascensão da extrema direita tem sido uma preocupação crescente. "Eu me envolvi porque me chamaram, eu sou cidadão francês desde 2006. E me preocupa esse movimento global [de ascensão da extrema direita]. E foi incrível porque o meu discurso [num comício] repercutiu no Brasil tanto quanto na França", afirmou Raí, destacando a surpresa com a repercussão de seu discurso em um comício durante as últimas eleições francesas.
Ele, que almoçou com os presidentes Emmanuel Macron e Lula (PT) durante a visita do líder francês ao Brasil em março, refletiu sobre os paralelos entre os desafios enfrentados na França e no Brasil. "As preocupações são parecidas, com extrema direita, democracia, racismo. E a minha opinião foi muito baseada no que eu vivi no Brasil. Eu contei o que foram os quatro anos de [Jair] Bolsonaro [PL]. Eu dei o testemunho do que é viver sob a extrema direita", disse.
O ex-jogador reconhece que seu posicionamento político não vem sem consequências. "Com certeza eu coloco muita coisa em risco, e já perdi muita coisa. Já houve patrocinadores que pensavam em fazer projetos comigo e recuaram. Querendo ou não, o país está dividido", admitiu, deixando claro que, apesar dos riscos, não se arrepende de suas escolhas.
Raí, conhecido por sua discrição, afirmou que o contexto da pandemia de Covid-19 foi um ponto de virada em sua postura pública. "Eu sempre fui um cara discreto. Mas acho que tem limites. Quando estamos no meio de uma pandemia, com centenas de milhares de pessoas morrendo, o cara [Bolsonaro] fala de cloroquina? Não sei se tivemos uma involução na sociedade, ou se agora estamos mostrando os nossos demônios que antes estavam escondidos, envergonhados", desabafou.
Mesmo com o recente resultado nas eleições francesas, Raí não vê a extrema direita como derrotada. "Não, longe disso. Mas eu guardo a esperança de a gente reverter esse movimento. É bom também porque a gente fica sempre alerta contra esse lado perverso da sociedade", declarou.
Comparando as realidades da extrema direita na França e no Brasil, Raí apontou diferenças significativas. "A grande diferença é que aqui você tem um tecido social muito mais organizado. Se um cara de extrema direita vencesse, ele teria muita resistência para implantar coisas que talvez no Brasil ele conseguisse. Ninguém aqui toca na qualidade da educação pública, na saúde pública", observou.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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