Ex-ministro da Fazenda também defendeu que a independência do Banco Central seja refinada no processo de substituição
O economista Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a nomeação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central em uma entrevista concedida à Reuters. “O Gabriel Galípolo tem esse perfil, é um sujeito equilibrado, que já escreveu livros, é experiente, passou cinco ou seis anos numa instituição financeira e tem esse equilíbrio, não vai obedecer à ala política do partido ou algo do tipo. Ele reúne essas qualidades”, afirmou Mantega, ponderando que essa é uma avaliação pessoal, mas que seria uma “excelente escolha” se confirmada.
Mantega também elogiou a decisão de Lula de moderar as críticas ao Banco Central, atribuindo à autarquia a responsabilidade sobre as oscilações de mercado, o que antes era associado às falas do presidente. “Estava havendo um excesso de ruído em função das críticas, então eu achava que tinha que parar esse tipo de coisa e se reestabelecer a tranquilidade (…) O mercado estava usando isso contra o governo, dizendo que o presidente era responsável pela desvalorização maior (do real), o pessoal estava se aproveitando”, disse Mantega.
Durante uma reunião em São Paulo, no fim de junho, que significou uma mudança na postura de Lula, o ex-ministro destacou que as críticas excessivas geravam instabilidade, sendo utilizadas pelo mercado para desacreditar o governo. Ele criticou a política monetária do Banco Central, principalmente a falta de ação para suavizar volatilidade no câmbio e a piora das expectativas de mercado quando o BC deixou de sinalizar futuros cortes nos juros. Mantega também observou que Roberto Campos Neto, atual presidente da autarquia, parece agir politicamente, demonstrando proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Mantega apoiou fortemente a escolha de Gabriel Galípolo, destacando seu perfil técnico e experiência em macroeconomia, além de sua proximidade e confiança de Lula. Ele citou o alinhamento recente de Galípolo com uma postura mais rígida na diretoria da Política Monetária do BC, o que indica uma gestão firme e técnica para a presidência da autarquia.
Além de discutir a liderança do Banco Central, Mantega sugeriu que o debate sobre a independência financeira do BC, promovido pelo Ministério da Fazenda, seja aproveitado para refinar a autonomia operacional do órgão. Ele também comentou sobre a gestão atual de Fernando Haddad na Fazenda, a necessidade de ajustar políticas como a desoneração da folha salarial e as medidas para equilibrar as contas públicas sem prejudicar o crescimento econômico ou o aumento do investimento.
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário