O ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu participar de um ato pró-impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, gerando preocupações dentro da Corte. O evento foi convocado pelo pastor Silas Malafaia após a denúncia de mensagens trocadas por assessores de Moraes, que, segundo a Folha de S.Paulo, indicam o uso informal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo magistrado.
Bolsonaro optou por comparecer ao ato, mesmo contra o conselho de assessores e aliados mais moderados, que sugeriram a ele que evitasse a manifestação. Na última quinta-feira (15), o ex-presidente confirmou sua presença aos organizadores do evento e, mais tarde, ao colunista Igor Gadelha, do site “Metrópoles”.
A notícia não surpreendeu os ministros do STF, mas aumentou o nível de alerta sobre os possíveis desdobramentos da manifestação.
A preocupação entre os magistrados é de que Bolsonaro possa desrespeitar alguma das medidas restritivas impostas durante as investigações em curso. Em fevereiro, quando o ex-presidente participou de outro ato na Avenida Paulista, após ser alvo de buscas da Polícia Federal, o STF adotou uma postura cautelosa similar.
Para tentar compreender o clima em torno do evento, magistrados com maior influência política começaram a sondar as intenções por trás do ato. Durante o episódio anterior, em fevereiro, os principais interlocutores de Bolsonaro com o STF foram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten. Ambos garantiram que Bolsonaro não atacaria a Corte, atuando como mediadores para evitar um confronto direto.
Desta vez, há incertezas sobre se ele seguirá o mesmo comportamento. A participação do ex-presidente em um evento de tamanha relevância no cenário político, com foco na defesa do impeachment de um ministro do STF, intensifica as tensões entre o Judiciário e os políticos bolsonaristas.
Em entrevista ao jornal Metrópoles, o evangélico afirmou que o ato contará com discursos “duros” contra Moraes, proferidos por figuras de destaque do bolsonarismo, como o senador Magno Malta (PL-ES).
Inicialmente, os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) haviam marcado um ato na principal via de São Paulo no dia 25 de agosto e, no feriado de Dia da Independência, se programaram para uma manifestação em Belo Horizonte, mas mudaram de ideia após o convite feito pelo líder religioso.
Antes da confirmação de ida do ex-presidente, o pastor disse que já acreditava em sua presença apesar de ainda ter dúvida sobre a realização ou não de um discurso feito pelo ex-presidente, uma vez que ele já é investigado pelo Supremo.
Embora já tivesse reservado a data, o bolsonarista disse que a manifestação ganhou força após a publicação de uma reportagem pela Folha de S. Paulo contra Moraes. Para o líder evangélico, essa revelação aumentou a intenção popular por um protesto e reforçou o pedido de ruptura no mandato do ministro. “Há uma pressão gigante do povo de se fazer uma manifestação e pedir impeachment de Alexandre de Moraes”, afirmou Malafaia.
Fonte: DCM
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