No mercado brasileiro, diferentemente da maioria dos demais países, o mercado mais líquido é o de dólar futuro, e não o de moeda à vista
SÃO PAULO (Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira que não há um problema de liquidez no mercado de câmbio à vista brasileiro e que a instituição também avaliou que não seria correto fazer uma atuação extraordinária no mercado de derivativos nos momentos de pico do dólar.
Durante participação no 2º Warren Day, evento promovido pela Warren Rena em São Paulo, Galípolo reforçou que o BC vai intervir no mercado de câmbio em caso de disfuncionalidade, o que não deve ser interpretado pelo mercado como sinalização de que "o BC não vai intervir".
"No mercado à vista de câmbio não temos um problema de liquidez", avaliou Galípolo, acrescentando que o BC "acompanha muito de perto" o mercado.
"Mas neste momento entendemos que seria o correto não fazer atuação extraordinária", acrescentou, em referência a possível atuação por meio de swaps cambiais.
No mercado brasileiro, diferentemente da maioria dos demais países, o mercado mais líquido é o de dólar futuro, e não o de moeda à vista. Em função disso, quando não ocorre problema de liquidez no segmento à vista, o BC tradicionalmente dá preferência à atuação no mercado futuro por meio de swaps. A venda de swaps cambiais tem o efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro -- o que pressiona as cotações para baixo.
Quando o dólar oscilou próximo de 5,85 reais no dia 5 de agosto, em meio aos receios globais de que a economia dos EUA possa entrar em recessão no curto prazo, surgiu a expectativa no mercado de que o BC poderia atuar por meio de swaps, reduzindo a volatilidade.
De acordo com Galípolo, porém, foi discutido no BC que "talvez uma atuação poderia ser contraproducente".
"O mesmo ambiente que faz a leitura do mercado proporcionar a leitura de que (o BC) ‘não vai atuar’, foi cotejado que talvez uma atuação poderia ser contraproducente, por meio de uma interpretação diferente do que ela representava", afirmou.
O diretor do BC lembrou, por outro lado, que a instituição segue realizando leilões diários de rolagem de swaps cambiais, o que tem impacto no mercado.
"A gente vem rolando swaps há algum tempo e isso tem impacto no cupom cambial", disse.
Durante sua fala, Galípolo afirmou ainda que é um erro estabelecer uma relação mecânica entre o nível do câmbio e a política monetária.
fonte: Brasil 247 com Reuters
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