Eles foram formalmente acusados em 2012, mas o julgamento não havia começado devido a uma batalha de recursos; Corte poderia condená-los à morte
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (31) que chegou a um acordo com três homens acusados pelo atentado terrorista de 11 de Setembro, encerrando um processo que se arrastava há mais de 12 anos em uma comissão militar em Guantánamo. Khalid Shaikh Mohammad, Walid Bin Attash e Mustafa al Hawsawi fizeram um acordo com Susan Escallier, responsável pelas comissões militares localizadas em território cubano onde o caso tramitava.
Os termos negociados e as condições acertadas “não estão disponíveis para o público nesse momento”, informou o Pentágono em nota. Segundo o jornal The New York Times, os réus aceitaram admitir a culpa por conspiração em troca de uma sentença de prisão perpétua. Se fossem a julgamento, poderiam receber a pena de morte.
Khalid Shaikh Mohammad, conhecido como KSM, é apontado como o cérebro do plano terrorista que matou quase 3 mil pessoas. Ele teria proposto o sequestro de aviões ao então líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, e supervisionado todo o planejamento da operação.
O saudita Mustafa al Hawsawi foi acusado de ajudar alguns dos sequestradores com dinheiro e viagens. Ele frequentemente abre mão de ir às audiências do processo em Guantánamo devido à dificuldade para ficar sentado, decorrente das torturas sofridas, que seus advogados classificam como estupro.
Walid Bin Attash, também saudita, foi acusado de treinar os sequestradores para lutarem corpo a corpo, testar métodos para entrar em um avião carregando facas e pesquisar voos.
Um quarto acusado, Ammar al-Baluchi, sobrinho de KSM, não foi mencionado no anúncio. Ele é acusado de transferir dinheiro para alguns dos sequestradores dos aviões quando morava nos Emirados Árabes Unidos.
Originalmente, havia um quinto acusado, Ramzi bin al-Shibh, mas ele foi removido do processo no ano passado após uma junta médica declará-lo mentalmente incapaz de ir a julgamento. A defesa atribui o diagnóstico às torturas sofridas.
Conversas sobre um possível acordo entre os réus e a procuradoria avançaram durante o governo Joe Biden. A ideia era que os homens se declarassem culpados em troca de uma sentença de prisão perpétua, maior contato com suas famílias e tratamento para as sequelas das torturas sofridas.
No entanto, a Casa Branca rejeitou esses pedidos, o que frustrou famílias das vítimas que viam em um acordo a única possibilidade de encerrar o processo. Outro grupo de familiares, porém, era contrário a um acordo e defendia que os homens fossem levados a julgamento.
Os homens foram formalmente acusados em 2012, mas o julgamento não havia começado devido a uma batalha de recursos. Os cinco confessaram o crime em 2007, após anos sob tortura. Por isso, a defesa argumenta que as declarações são inadmissíveis como prova. A acusação teme que elas sejam descartadas, enfraquecendo as chances dos réus serem condenados à morte, gerando um impasse que levou o processo a se arrastar por anos.
Eles são acusados de terrorismo, conspiração e assassinato de civis, entre outros crimes. Segundo o indiciamento, todos eles ajudaram de alguma forma os 19 sequestradores nos dois aviões lançados contra o World Trade Center, no que se chocou com o Pentágono e no que caiu em um campo na Pensilvânia após um embate com os passageiros, causando a morte de 2.976 pessoas.
Os cinco homens foram capturados pelos Estados Unidos em 2002 e 2003 e levados para prisões secretas da CIA, onde foram submetidos a “técnicas avançadas de interrogatório”, como simulação de afogamento, bater a cabeça contra a parede, privação de sono, nudez forçada e “alimentação retal”, uma forma de violação sexual. Em 2006, eles foram transferidos para Guantánamo, em Cuba. Devido às torturas sofridas nos anos anteriores, agentes do Departamento de Justiça e do FBI foram enviados para obter confissões voluntárias dos cinco homens.
Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S. Paulo.
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