Kamala tenta se diferenciar de Biden, que é acusado de apoiar o genocídio promovido por Israel em Gaza e tem perdido apoio de eleitores democratas
Na primeira semana como candidata virtual do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris enfrenta um dos maiores desafios da política externa americana. Nesta quinta-feira (25), ela se encontrará com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Washington, segundo o The New York Times e o jornal O Globo. Na quarta-feira (24), Netanyahu discursou no Congresso americano, onde defendeu suas políticas genocidas para a Faixa de Gaza, atacou o Irã e solicitou mais apoio militar de Washington.
Kamala tem feito ponderações sobre o conflito na Faixa de Gaza, especialmente sobre a situação dos palestinos. Em um discurso sobre direitos civis em Selma, Alabama, ela pediu um “cessar-fogo imediato” e criticou Israel por causar uma “catástrofe humanitária” no enclave.
Nesta quinta, Kamala se reunirá com Netanyahu na Casa Branca. Suas declarações antes e depois da conversa serão observadas atentamente para sinais de sua abordagem sobre o genocídio, caso ela seja eleita em novembro.
O presidente Biden, que também se encontrará com Netanyahu, viu sua popularidade despencar entre os democratas progressistas por sua recusa em barrar o envio de armas para Israel. Esse descontentamento é particularmente forte em estados decisivos como Michigan. A expectativa é que Kamala consiga recuperar o apoio desses eleitores, que se dizem decepcionados com as políticas de Biden para Israel.
Kamala não acompanhou o discurso de Netanyahu no Congresso nesta quarta. Em vez disso, ela discursou em um evento em Indiana, organizado por uma das mais antigas irmandades negras do país. Embora tenha feito críticas mais incisivas à guerra do que Biden, não se espera que ela as expresse diretamente a Netanyahu.
Ainda não está claro até que ponto Kamala e Biden divergem sobre Israel. Seu pedido por um cessar-fogo foi similar à posição do presidente, que exige que o Hamas aceite uma proposta israelense para suspender os combates em troca da libertação dos reféns em Gaza. No entanto, seu tom e a ênfase no sofrimento humano marcam uma diferença retórica em relação a Biden.
No encontro com Netanyahu, Kamala deve reiterar o apoio americano a Israel, mas também expressar suas preocupações com o número de mortes entre os palestinos, que ultrapassou 38 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Ela deve defender um acordo de cessar-fogo com o Hamas o quanto antes.
Não se sabe se Kamala questionou Biden sobre as políticas para Israel, mas ela tem pressionado, inclusive o presidente, para que expresse mais simpatia pelos palestinos. Analistas afirmam que ela desempenhou um papel notável ao criticar o governo Netanyahu, mais do que Biden estava disposto, por motivos diplomáticos ou pessoais.
Ela também impressionou alguns críticos da guerra e irritou aliados de Israel com declarações de apoio aos protestos em universidades. Analistas destacam que o marido de Kamala, Doug Emhoff, é judeu e tem atuado contra o aumento de casos de antissemitismo nos campi universitários e outros lugares. No entanto, judeus americanos estão divididos sobre as políticas de Washington para Israel, e as visões de Emhoff sobre o tema não são claras.
Kamala tem sido poupada dos protestos que atingem Biden, o secretário de Estado, Antony Blinken, e outros integrantes do governo, frequentemente acusados de participarem do genocídio.
Assessores de Kamala Harris dizem que ela segue comprometida com seu apoio a Israel. Ela condenou os ataques do Hamas em 7 de outubro e, no mês passado, participou de um fórum sobre a violência sexual contra vítimas israelenses durante a ação. Ela tem se encontrado com integrantes do governo israelense, incluindo o presidente Isaac Herzog e Benny Gantz, ex-integrante do Gabinete de Guerra de Netanyahu. Kamala participou de mais de 20 telefonemas entre Biden e o premier.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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