quarta-feira, 3 de julho de 2024

Pobreza na Argentina de Milei chega a níveis alarmantes e já ultrapassa 50%

 O preço do leite aumentou 123% de dezembro a março, e as vendas caíram 18,7% no primeiro trimestre de 2024


Na última semana de junho, um vídeo mostrando 8 toneladas de tangerinas sendo descartadas por produtores de Entre Rios viralizou na Argentina, onde a taxa de pobreza já ultrapassa 50% e pode atingir o maior nível em 20 anos em 2024.


Esse cenário de empobrecimento acelerado das classes média e média baixa é um dos aspectos mais dramáticos do primeiro semestre do governo de extrema-direita de Javier Milei, que, apesar de equilibrar as contas públicas e evitar uma nova hiperinflação, tem enfrentado uma crise social crescente.


A fome e a pobreza já eram problemas presentes quando Milei assumiu o poder em 10 de dezembro de 2023. No entanto, suas políticas de ajuste econômico e contenção da inflação aprofundaram ainda mais a crise social.


Mesmo com esses impactos, Milei mantém uma popularidade entre 45% e 50%, beneficiando-se da crise de credibilidade de seus adversários políticos, especialmente o kirchnerismo, e de suas alianças com líderes de ultradireita como Donald Trump, nos EUA, e Giorgia Meloni, na Itália.


Em Entre Rios, produtores estão jogando frutas fora, enquanto o consumo de produtos essenciais como leite, carne e erva mate diminui drasticamente. Por exemplo, o preço do leite aumentou 123% de dezembro a março, e as vendas caíram 18,7% no primeiro trimestre de 2024.


Leopoldo Tornarolli, economista do Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais (Cedlas), explica que a pobreza aumentou principalmente devido à inflação superando os salários. Ele estima que a taxa de pobreza atingiu 50,1% entre outubro de 2023 e março de 2024, e pode chegar a 55% no primeiro semestre de 2024. Daniel Schteingart, economista da Fundar, estima que a pobreza subiu de 38,7% no primeiro semestre de 2023 para 55,7% no mesmo período deste ano.


Mesmo com uma bancada minoritária no Congresso, Milei conseguiu aprovar a Lei de Bases em junho, permitindo reformas tributárias, privatizações e poderes excepcionais para o presidente por um ano. Essa vitória foi vista como um referendo sobre a viabilidade do governo. No entanto, surgem dúvidas sobre como Milei usará esse triunfo legislativo, especialmente em um país com retração do PIB de 3,5% e crescente fome e pobreza.


Patricio Talavera, da Universidade Nacional de Buenos Aires (UBA), destaca a incerteza sobre os próximos passos de Milei, especialmente em relação à política cambial. A pressão por desvalorização do peso e liberação do mercado de câmbio é crescente. O apoio à Lei de Bases indica uma demanda por resultados rápidos, e Milei não poderá culpar seus antecessores pela crise por muito mais tempo. Ele terá alguns meses de tolerância social e política antes de se tornar “herdeiro de si mesmo”, momento em que sua verdadeira força será testada.

Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

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