terça-feira, 16 de julho de 2024

PF diz que reunião de Ramagem com Bolsonaro é um escândalo: “saíram usando o Estado para benefício próprio”

 Na visão dos investigadores, um presidente da República não pode usar as dependências públicas (o Palácio do Planalto) para tratar assuntos de interesse pessoal


Investigadores da Polícia Federal avaliam que a sequência de atos posteriores à reunião gravada no Palácio do Planalto desmente a defesa do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que alegou não haver nenhuma ilegalidade no encontro. As informações são do Blog do Valdo Cruz, no portal g1.


A reunião ocorreu no dia 25 de agosto de 2020. Nesta segunda-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o sigilo da gravação, encontrada em um aparelho eletrônico de Ramagem.


Além de Bolsonaro e do então diretor da Abin, estavam na sala o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.


Segundo a PF, logo após essa reunião em que foram discutidas as investigações da Receita contra Flávio Bolsonaro por suposta “rachadinha”, agentes da Abin passaram a espionar a vida de auditores da Receita em busca de “podres” desses servidores.


“Eles saíram usando a estrutura do Estado para benefício próprio”, diz um investigador ouvido pela reportagem.


Segundo ele, essa atuação da Abin já foi identificada pela PF e desmente a tese da defesa de Ramagem e das advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Após a divulgação do áudio nesta segunda, os participantes ressaltaram o trecho em que Bolsonaro diz que não agiria para beneficiar ninguém.


Reunião em si já é “escândalo”


A Polícia Federal avalia, aliás, que o “simples fato” de Bolsonaro reunir a chefia da Abin, do GSI e as advogadas de seu filho para discutir o caso já é um “escândalo”.


Na visão dos investigadores, um presidente da República não pode usar as dependências públicas (o Palácio do Planalto) para tratar assuntos de interesse pessoal do filho – e nem convocar Abin e GSI para montar estratégia de defesa dele.


O que o áudio revela


O áudio da conversa entre Bolsonaro, Alexandre Ramagem, general Heleno e duas advogadas do senador Flavio Bolsonaro mostra um presidente da República, durante seu expediente, discutindo com as advogadas formas de ajudá-las a anular as investigações da Receita Federal sobre rachadinha.


Em trechos da conversa, Bolsonaro dá autorização para que elas procurassem assessores indicados pelo então presidente no Serpro e na Receita Federal. A ideia era obter dados que fossem usados na defesa do senador.


Em dado momento, Bolsonaro alerta que é preciso ter cuidado para que uma conversa entre eles seja gravada. E o general Heleno alerta que tudo tem de ser feito “fechadíssimo”, para não vazar.


A avaliação da PF é que o áudio comprova que Bolsonaro usou a estrutura do governo para tentar livrar o filho de investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ).


Em outro trecho da reunião, Bolsonaro revela que Wilson Witzel, então governador do Rio, teria oferecido ajuda para blindar Flavio Bolsonaro – e que, em troca, teria pedido a nomeação de alguém de sua confiança para ministro do STF.


Fonte: Agenda do Poder com informações do Blog do Valdo Cruz, no G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário