quinta-feira, 4 de julho de 2024

Para desviar atenção de autoridades, Bolsonaro guardou presentes da União na fazenda de Piquet, na casa de militar e em joalherias

 De acordo com a Polícia Federal, lista de presentes recebidos e negociados pelo entorno do ex-presidente inclui joias, relógios de luxo e esculturas


Para evitar chamar a atenção das autoridades, presentes recebidos por Jair Bolsonaro durante seu governo foram guardados em diferentes locais, incluindo uma fazenda, a casa de um militar e joalherias no exterior.


Entre os locais usados por Bolsonaro para armazenar dois conjuntos de joias depois de deixar a Presidência estava uma propriedade do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, conhecida como “Fazenda Piquet”, localizada em área nobre da capital federal que, além de outras construções, possui um galpão onde Bolsonaro guardou 175 caixas com presentes que recebeu.


De acordo com a Polícia Federal, a lista de presentes recebidos e negociados pelo entorno do ex-presidente inclui joias, relógios de luxo e esculturas.


Durante o depoimento sobre a investigação, Bolsonaro optou por permanecer em silêncio. Em outras ocasiões, ele negou ter ordenado a venda das joias, afirmou que não pediu ou recebeu presentes e reiterou que não há “qualquer ilegalidade” envolvida.


Parte das joias também ficou guardada com o general do Exército Mauro Lourena Cid — pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid. A PF aponta que Lourena Cid guardou esculturas recebidas pelo então presidente no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, no Reino do Bahrein, em novembro de 2021.


Segundo as investigações, as esculturas foram para os Estados Unidos em uma mala transportada no avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, no fim do mandato de Jair Bolsonaro. No país, o general encaminhou, de acordo com a PF, os itens para estabelecimentos especializados.


A PF constatou que o general não só ajudou a vender as joias nos Estados Unidos como atuou para ajudar a recomprá-las quando o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que Bolsonaro as devolvesse. Uma dessas joias era o Rolex de platina cravejado de diamantes recebido de presente em viagem oficial e que Mauro Cid havia cotado por US$ 60 mil dólares (aproximadamente R$ 300 mil).


A PF também identificou, ao longo das investigações, que parte das joias foram parar em lojas em Nova York, Pensilvânia e na Flórida, em endereços onde os assessores de Bolsonaro negociaram essas peças. Os presentes ficaram guardados nesses estabelecimentos enquanto não foram vendidas.

Em visita à Arábia Saudita, em outubro de 2019, o presidente recebeu do governo do país o que a Polícia Federal chama de “kit ouro branco”. O destaque do kit é um relógio da marca Rolex. Mais tarde, esse relógio e um outro, da marca Patek Philippe, foram vendidos em uma loja de um shopping no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.


Outro exemplo é referente a outubro de 2021, quando, em visita à Arábia Saudita, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, recebeu o chamado “kit ouro rosé” com relógio, abotoaduras, caneta, anel e um rosário islâmico da marca de luxo Chopard. Bento voltou ao Brasil sem declarar o kit à Receita Federal.


Em dezembro de 2022, segundo a PF, o kit teria deixado o Brasil em um voo oficial que levou o ainda presidente Jair Bolsonaro para os Estados Unidos. Pouco tempo depois, o kit aparece em um site de leilões em Nova York, negociado por meio de uma loja localizada em Manhattan.


Em maio, um agente e um delegado da PF estiveram no país em uma cooperação internacional do Federal Bureau of Investigation (FBI), o Departamento Federal de Investigação. Em cidades como Miami (Flórida), Wilson Grove (Pensilvânia) e Nova York (NY), os policiais conseguiram colher depoimentos de comerciantes, acessar imagens de câmeras de segurança e ainda obter documentos, como movimentações financeiras dos investigados.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.

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