sexta-feira, 26 de julho de 2024

Mães da Praça de Maio denunciam intervenção do governo Milei em sua universidade

 

Segundo a associação, o governo argentino vem realizando atos que minam a integridade e o legado da organização

Mães da Praça de Maio (Foto: MARCOS BRINDICCI/REUTERS)

A Associação Mães da Praça de Maio, conhecida mundialmente por sua luta pelos direitos humanos e pela busca por justiça para os desaparecidos durante a ditadura militar argentina, denunciou nesta quinta-feira (25) a intervenção da Universidade Nacional das Mães (Unma) por parte do governo Javier Milei. Segundo a Associação, o governo vem realizando atos que minam a integridade e o legado da organização, informa a Telesur.

Em comunicado oficial, a Associação declarou: "resistiremos a esta ação fraudulenta e ilegítima junto a toda a Comunidade", caracterizando o governo como "fascista, negacionista, reivindicador da ditadura genocida". As filiais de Tucumán, Mendoza e Mar del Plata reforçaram a posição da Associação, destacando que a luta de seus filhos é a inspiração para sua resistência. "Sua luta nos levou a criar a Unma. Defendê-la-emos como defendemos seu exemplo", afirmaram.

O Sindicato de Docentes da Universidade de Buenos Aires (Feduba) também manifestou seu repúdio à intervenção governamental na Unma, classificando-a como ilegal. A intervenção é vista como mais um passo na política negacionista de Milei, que tem sido criticado por minimizar as atrocidades cometidas durante a ditadura militar de 1976.

As Avós da Praça de Maio, igualmente comprometidas com a preservação da memória e da justiça, mobilizaram-se no último dia 4 de julho, participando da tradicional ronda das Mães da Praça de Maio. A manifestação exigiu memória, verdade e justiça, resistindo às políticas do governo Milei que procuram reescrever a história e apagar as violências do passado.

Trabalhadores e trabalhadoras argentinas também têm se mobilizado contra os cortes e demissões promovidos pelo governo Milei. Em frente à Secretaria de Direitos Humanos, localizada na antiga Escola de Mecânica da Armada (ESMA) – um dos principais centros de detenção e tortura da ditadura – os manifestantes expressaram sua indignação com as políticas atuais.

O Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) usou sua conta no X, antigo Twitter, para denunciar a multiplicação de discursos oficiais que legitimam a repressão clandestina e ilegal. "Desde que assumiu, o governo fechou ou desfinanciou políticas de reconstrução da verdade, busca de crianças roubadas, memória coletiva e reparação às vítimas. Relevamos pelo menos uma dezena de decisões como estas. Elogiam o indulto às cúpulas militares e tentam reinstalar o 'devem ter feito alguma coisa'", destacou o CELS, referindo-se à recente visita de autoridades governamentais ao penal de Ezeiza, onde estão presos repressores como Alfredo Astiz.

A situação na Argentina revela um momento crítico para os direitos humanos e a memória histórica, com organizações e cidadãos unidos na resistência contra políticas que ameaçam reverter décadas de luta por justiça e verdade.

Fonte: Brasil 247 com informações da Telesur

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