segunda-feira, 1 de julho de 2024

Imprensa francesa pede 'bloqueio republicano' contra extrema direita no 2° turno das eleições legislativas

 

Partido ultranacionalista Reunião Nacional obteve mais de 33% dos votos, diante da coligação da esquerda Nova Frente Popular, com 28%, e da coligação Juntos, com quase 21%

Homem caminha em frente a pôsteres com propaganda eleitoral em Paris, antes de eleição antecipada para o Parlamento da França 22/06/2024 REUTERS/Dylan Martinez

RFI - Os jornais franceses repercutem nesta segunda-feira (1) os resultados do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas, realizado na véspera. Em suas edições especiais, a maioria dos diários são unânimes em convocar os eleitores a realizar uma barragem da extrema direita. O partido ultranacionalista Reunião Nacional obteve um desempenho inédito: mais de 33% dos votos, diante da coligação da esquerda Nova Frente Popular, com 28%, e da coligação presidencial Juntos, com quase 21%.

Após o choque, fazer um bloqueio" é a manchete do jornal progressista Libération, que adverte que o partido Reunião Nacional, da extrema direita, está "às portas do poder". Para o diário, depois de uma decisão "catastrófica" do presidente francês, Emmanuel Macron, de dissolver a Assembleia Legislativa e convocar eleições antecipadas, a França tem "uma semana para evitar o pior".

Em seu editorial, intitulado "Barragem", Libé pede um bloqueio republicano contra a extrema direita. O texto também faz um apelo a Macron e ao primeiro-ministro Gabriel Attal a deixarem de lado "a cegueira lamentável e perigosa" para passar uma mensagem aos eleitores sobre a necessidade de "salvar a República". 

"Tragédia francesa" é o título do editorial do jornal conservador Le Figaro que classifica de "desastre" a aposta do presidente francês de tentar criar uma imensa força centrista para erradicar a direita e a esquerda, mas que acabou "afogando o país no caos". O texto afirma que Macron quis dar a palavra ao povo e o povo se manifestou, comparecendo massivamente às urnas, impulsionado pela polarização entre os partidos Reunião Nacional, da extrema direita, e A França Insubmissa, da esquerda radical. 

O fim da era Macron? - "O fim de uma era" é a manchete do jornal econômico Les Echos, que estampa sua capa com uma foto de Macron com um olhar preocupado, quase completamente escondido pela sombra de um guarda-costas. O diário destaca que o campo presidencial se encontra em maus lençóis, amargando um terceiro lugar na preferência do eleitorado, muito atrás do Reunião Nacional, que triunfou na votação.

O jornal católico La Croix defende em sua manchete a necessidade de realizar uma frente republicana para evitar que a extrema direita obtenha uma maioria absoluta na Assembleia. Em editorial, o diário alerta que o Reunião Nacional obteve 12 milhões de votos no domingo, 15 pontos a mais do que nas últimas eleições legislativas, em 2022. 

Ao contrário de parte da mídia francesa, La Croix não acredita que esse seja o fim do movimento político fundado por Macron em 2017, com a proposta de não se posicionar nem à esquerda, nem à direita. Mas esse primeiro turno "assinala o fracasso pessoal do chefe de Estado", que além de ter suscitado uma "decomposição da paisagem política francesa", não conseguiu mobilizar o eleitorado contra a extrema direita, conclui. 

Fonte: Brasil 247 com RFI

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