Consolidada em reunião entre os grupos na China, a Declaração de Pequim trata sobre “o fim da divisão e o reforço da unidade palestina”
Musa Abu Marzouk, membro do gabinete político do Hamas, anunciou nesta terça-feira (23) que movimento palestino assinou um acordo de “unidade nacional” com outros grupos militantes locais, incluindo o antes rival Fatah, após uma reunião na China.
“Estamos empenhados e apelamos à unidade nacional”, afirmou Marzouk, após a assinatura do acordo, em Pequim, comprometendo-se a acabar com a divisão e reforçar a unidade, visando a criação de um governo de “reconciliação”.
Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, os grupos militantes palestinos estão reunidos na capital chinesa desde domingo (21) para discutir o futuro da Faixa de Gaza após a guerra.
O Hamas não deu mais pormenores sobre o acordo, anunciado após um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, sugerindo uma mediação por parte da China.
“Os dois grupos palestinos rivais, juntamente com outras 12 facções políticas, reuniram-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, concluindo as conversações que tiveram início no domingo”, diz uma nota divulgada pela televisão estatal CCTV.
Os dois grupos assinaram a Declaração de Pequim que trata sobre “o fim da divisão e o reforço da unidade palestina”, segundo a emissora.
Histórico
Embora Hamas e Fatah tenham dito, em várias ocasiões, que trabalhariam em conjunto, mas sem sucesso, a assinatura da declaração coincide com o fato de o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ter dito que um cessar-fogo entre Israel e o Hamas parece estar à vista.
O Hamas e a Autoridade Palestina tiveram várias rodas de negociações sobre a união dos grupos, desde que o Hamas expulsou as forças do Fatah de Gaza, em uma violenta tomada do território em 2007 — antes de declarar o Hamas como inimigo, Israel financiou o grupo para derrubar a Autoridade Palestina.
Os esforços de unidade foram destruídos não somente pela rivalidade entre os grupos, mas também pela recusa do Ocidente em aceitar qualquer governo que inclua o Hamas, a menos que este reconheça expressamente Israel — que ironicamente é seu antigo financiador.
Com o genocídio pormovido por Israel em Gaza desde o ataque do Hamas a seu território em 7 de outubro passado, os grupos que lutam pela libertação da Palestina e contra a ocupação de Israel na região decidiram, finalmente, se unir.
“Comunidade com um futuro compartilhado”
Pequim tem reivindicado um papel maior para a China na resolução de questões internacionais. No ano passado, a diplomacia chinesa mediou também as negociações que culminaram em um acordo entre Arábia Saudita e Irã para o restabelecer relações diplomáticas.
De acordo com o presidente Xi Jinping, a China deve “participar ativamente na reforma e construção do sistema de governança global” e promover “iniciativas de segurança global”.
A China também adiantou um plano para a paz na Ucrânia, que os países ocidentais desvalorizaram, pois consideram que Pequim coloca “agressor e vítima” — no caso, Rússia e Ucrânia — no mesmo nível.
Em particular, a China defende a noção de “comunidade com um futuro compartilhado”, que visa contrariar a arquitetura de segurança erguida pelo Ocidente depois da Segunda Guerra Mundial. Pequim acusa a doutrina ocidental de estimular o confronto entre blocos e minar a estabilidade em diferentes partes do mundo.
Fonte: Agenda do Poder com informações da Agência Brasil.
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