terça-feira, 16 de julho de 2024

Gravadas com Bolsonaro, advogadas brigaram após defesa de Flávio: “Bangu é seu destino”

 

As advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Foto: reprodução

Após o ministro Alexandre de Moraes tornar público a gravação de uma reunião do clã bolsonarista tramando estratégias para livrar o senador Flávio Bolsonaro da investigação sobre o caso de rachadinhas, duas novas personagens ganharam destaque: as advogadas Juliana Bierrenbach e Luciana Pires, que defendiam o “filho 01” como sócias.

Pouco tempo após ajudarem o ex-presidente, elas desfizeram a sociedade e passaram a trocar supostas indiretas nas redes sociais. No dia 29 de janeiro, quando a residência de Carlos Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão, também pelo inquérito sobre as espionagens ilegais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Bierrenbach ironizou a ex-colega que seguia na defesa de membros do clã.

“Tem gente chorando de medo uma hora dessas… Eu estou rindo (…) Recadinho fofo antecipado, porque, quando for a sua vez, você estará ocupada se explicando, mentindo e tal (…). Cada um tem um destino. A vitória é o meu. Bangu é o seu. (…) Falta pouquinho”. Embora não tenha citado nomes, o jornal O Globo noticiou como se a mensagem fosse, de fato, destinada à Luciana.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Juliana fez outra publicação, afirmando que suas postagens “não giram em torno de antigos e nem de atuais clientes”, acrescentando que não sabe se “antigos sócios”, como Luciana, “estão mortos ou vivos”. Ela ainda enfatizou que “ninguém sabe” sobre o que ela fala.

Luciana Pires, apesar de não representar Carlos Bolsonaro, está ligada a um episódio relevante sobre a suposta “Abin paralela”. No segundo semestre de 2020, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu dois relatórios com o objetivo de “defender FB (Flávio Bolsonaro) no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”.

O senador teria enviado esses relatórios para Luciana, segundo o jornalista Guilherme Amado. “Nunca recebi relatório nenhum e, ainda que tivesse recebido, isso aí é imprestável, minha defesa nunca usou isso para nada”, disse Flávio na época.

Flávio e Jair Bolsonaro com a advogada Luciana Pires. Foto: reprodução

A suspeita da PF é que a Abin tenha sido usada para proteger Jair Bolsonaro e seus filhos contra opositores, como sugere o caso dos relatórios. Juliana Bierrenbach, em sua indireta, sugere que Luciana Pires deve ser convocada para se explicar sobre o tema.

Recentemente, foi revelado que as advogadas de Flávio Bolsonaro estiveram duas vezes com José Tostes logo após a referida reunião, seguidas de mais dois encontros registrados entre Tostes e Bolsonaro. A Polícia Federal suspeita que essas reuniões possam ter influenciado a abertura de uma sindicância interna na Receita Federal contra os auditores que investigavam as atividades do senado.

“Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá”, disse a advogada Luciana Pires no áudio.

“Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar gente de confiança dele. Se vazar [inaudível]”, afirmou o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI).

Em seguida, Bolsonaro disse: “Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém”.


Fonte: DCM

Nenhum comentário:

Postar um comentário