terça-feira, 16 de julho de 2024

FMI eleva projeção de crescimento do Brasil para 2,4% em 2025

 Fundo também eleva projeção da China e diminui a dos EUA


O FMI (Fundo Monetário Internacional) melhorou a perspectiva de crescimento do Brasil em 2025 para refletir os esforços de reconstrução após as enchentes no Rio Grande do Sul, mostraram novas estimativas divulgadas nesta terça-feira (16).


O fundo prevê agora expansão de 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano, de acordo com a atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global — 0,3 ponto percentual a mais do que o calculado em abril.


“O crescimento foi revisado para cima em 2025 para o Brasil para refletir a reconstrução após as enchentes e fatores estruturais positivos (por exemplo, aceleração da produção de hidrocarbonetos)”, comentou o FMI no relatório.


Para 2024, a organização já havia reduzido, na semana passada, a 2,1% a estimativa de crescimento do Brasil, 0,1 ponto percentual a menos do que o calculado em abril, citando as enchentes no Rio Grande do Sul, uma política monetária ainda restritiva, o déficit fiscal mais baixo e a normalização da produção agrícola.


Na conclusão final após uma visita ao Brasil, a equipe do FMI ainda projetou que o crescimento irá se fortalecer para 2,5% no médio prazo, uma revisão para cima de 0,5 ponto percentual desde a visita em 2023, diante dos ganhos de eficiência com a reforma tributária e aumento da produção de hidrocarbonetos.


O PIB do Brasil começou bem este ano, voltando a crescer nos três primeiros meses, a uma taxa de 0,8% sobre o período anterior, mas o segundo trimestre será marcado pelas fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul no final de abril e em maio.


No entanto, embora as inundações tenham afetado safras agrícolas, indústrias e a logística no Estado, resultados acima do esperado de diferentes setores da economia levaram analistas a avaliar que os impactos negativos foram menores que os esperados na atividade brasileira como um todo.


O IBGE divulgará os números do PIB brasileiro no segundo trimestre em 3 de setembro.


AMÉRICA LATINA


A revisão para baixo do Brasil ajudou a reduzir também a previsão para a América Latina e o Caribe este ano, junto com um corte de 0,2 ponto na expansão estimada do México este ano, para 2,2%, devido à moderação da demanda.


A estimativa de crescimento da região passou agora a 1,9% em 2024, de 2,0% em abril. Para 2025, a conta foi a 2,7%, contra 2,5% do relatório anterior.


A perspectiva para as Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, das quais o Brasil faz parte, teve ligeiro ajuste para cima de 0,1 ponto percentual tanto este ano quanto no próximo, a 4,3% para ambos.


SEM MUDANÇAS NO MUNDO


O FMI manteve sua previsão de crescimento real do PIB global para 2024 em 3,2%, e aumentou a projeção para 2025 em 0,1 ponto percentual em relação a abril, para 3,3%.


De acordo com o fundo, o ímpeto na luta contra a inflação está diminuindo, o que poderia atrasar ainda mais o afrouxamento das taxas de juros e manter a forte pressão do dólar sobre as economias em desenvolvimento.


Nas principais economias do mundo, os EUA tiveram a previsão de crescimento para 2024 reduzida em 0,1 ponto percentual, para 2,6%, devido ao consumo mais lento do que o esperado no primeiro trimestre.


“O crescimento nas principais economias avançadas está se tornando mais alinhado à medida que as lacunas de produção estão se fechando”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em uma publicação no blog que acompanha o relatório, acrescentando que os EUA estão mostrando sinais crescentes de desaceleração, enquanto a Europa deve se recuperar.


O FMI elevou significativamente sua previsão de crescimento da China em 2024 para 5,0% — igualando a meta do governo chinês para o ano— de 4,6% em abril, devido a uma recuperação do consumo privado no primeiro trimestre e a exportações fortes. O FMI também aumentou sua previsão de crescimento da China para 2025 de 4,1% em abril para 4,5%.


“Quando se olha para a China, quanto mais fraca for a demanda doméstica, mais o crescimento dependerá, potencialmente, do setor externo”, disse Gourinchas, o que pode levar a mais tensões comerciais.


Em um tom mais positivo, o FMI elevou ligeiramente sua previsão de crescimento da zona do euro para 2024 em 0,1 ponto percentual, para 0,9%, deixando a estimativa do bloco para 2025 inalterada em 1,5%.


A zona do euro “chegou ao fundo do poço” e registrou um crescimento mais forte dos serviços no primeiro semestre, enquanto o aumento dos salários reais ajudará a impulsionar o consumo no próximo ano e afrouxamento da política monetária ajudará o investimento, disse o FMI.


RISCOS DE INFLAÇÃO PERMANECEM


O FMI alertou para riscos de alta no curto prazo para a inflação, uma vez que os preços dos serviços permanecem elevados em meio ao crescimento dos salários no setor, e disse que as renovadas tensões comerciais e geopolíticas podem alimentar as pressões sobre os preços, aumentando o custo dos produtos importados ao longo da cadeia de oferta.


“O risco de inflação elevada aumentou as perspectivas de taxas de juros mais altas por um período ainda mais longo, o que, por sua vez, aumenta os riscos externos, fiscais e financeiros”, disse o FMI no relatório.


Gourinchas disse que, apesar de uma queda nos preços ao consumidor dos EUA no mês passado, o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) pode se dar ao luxo de esperar um pouco mais para começar a cortar os juros, a fim de evitar surpresas inflacionárias.


O FMI também alertou sobre possíveis mudanças na política econômica como resultado de muitas eleições este ano, que podem ter repercussões negativas para o resto do mundo.


“Essas possíveis mudanças implicam em riscos de desregramento fiscal que piorarão a dinâmica da dívida, afetando negativamente os rendimentos de longo prazo e aumentando o protecionismo”, disse o fundo.


Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S. Paulo.

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