As mensagens, enviadas a comerciantes americanos, mostram que houve barganha de preços
A Polícia Federal (PF), em cooperação com o Federal Bureau of Investigation (FBI) dos Estados Unidos, acessou emails do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, que mostram suas tentativas de vender joias recebidas em viagens oficiais.
As mensagens, enviadas a comerciantes americanos, revelam detalhes das negociações e serviram de base para o indiciamento de Cid, Bolsonaro e mais dez pessoas por crimes como peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O esquema envolveu bens avaliados em pelo menos R$ 6,8 milhões.
Fotos e avaliações
Os emails rastreados pela PF e FBI foram enviados a diversas lojas nos EUA, incluindo a Fortuna Auction. Em uma mensagem de 23 de dezembro de 2022, Cid solicitou a avaliação de um “kit ouro rosé” da Chopard, avaliado em mais de US$ 113 mil. Ele enviou dados pessoais e 15 fotos das joias, que, segundo a PF, foram tiradas em sua casa 72 horas antes. A loja respondeu quatro dias depois, aprovando o envio dos itens e fornecendo orientações para a avaliação física e compra.
Barganha de preços
Cid também contatou outras lojas americanas. Em 22 de dezembro, ainda no Brasil, ele enviou um pedido de avaliação para a Worthy. Após receber uma oferta entre US$ 26 mil e US$ 30 mil, Cid rejeitou a proposta, afirmando estar obtendo uma avaliação muito melhor para o conjunto.
No dia seguinte, 23 de dezembro, ele negociou com a Diamond Banc, descrevendo um conjunto Chopard avaliado em US$ 150 mil. Os itens incluíam um relógio, uma abotoadura, um anel e um rosário de diamantes, todos na caixa original e com os papéis. Cid ofereceu o conjunto completo ou apenas o relógio. Uma das mensagens, enviada de um IP da Secretaria Geral de Administração da Presidência da República, indica que o email foi enviado de um computador no Palácio do Planalto.
Outras negociações
A PF e o FBI também descobriram emails de Cid negociando um conjunto com uma escultura de palmeira e um barco dourados. Em uma mensagem para a Dover Jewelry, ele afirmou que a primeira peça foi comprada nos Emirados Árabes. A investigação revelou que a palmeira foi entregue ao ex-presidente Bolsonaro em 16 de novembro de 2021, durante sua participação no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira no Barém.
Reações
A defesa de Bolsonaro classificou o inquérito de “insólito” e afirmou que o ex-presidente nunca pretendeu se apropriar de bens públicos. Os advogados de Mauro Cid ainda não se manifestaram sobre o indiciamento.
Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo
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