domingo, 28 de julho de 2024

Diretor da PF não descarta existência de conluio entre Abin e o bolsonarismo

 

Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, comentou sobre a possibilidade de contaminação na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante uma entrevista à CNN Brasil, transmitida no sábado (27), e mencionou que não é possível garantir que não exista uma “contaminação” entre os funcionários remanescentes da gestão de Jair Bolsonaro (PL) em relação aos novos indicados do mandato do presidente Lula (PT).

“Eu não posso afirmar se há conluio [entre a atual gestão da Abin e a gestão passada], se não há. É uma questão que, se houver ou não, será elucidado e esclarecido no inquérito policial”, afirmou Andrei, destacando que a questão será resolvida durante as investigações.

O estranhamento de Andrei quanto à substituição da corregedora da Abin também foi um ponto central na entrevista. “Eu diria, em primeiro lugar, que a atual corregedora é uma pessoa corretíssima, que desempenha seu trabalho”, afirmou, referindo-se à oficial de inteligência Lidiane Souza dos Santos.

Andrei também mencionou que desconhece formalmente qualquer movimento para sua substituição pelo delegado da PF José Fernando Moraes Chuy, ligado ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

As investigações sobre a existência de uma “Abin paralela” durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) têm causado atritos entre a Polícia Federal e a Abin. A PF investiga se houve uso indevido da agência para perseguir adversários, magistrados e jornalistas. As operações autorizadas pelo STF já resultaram em buscas e apreensões na sede da Abin e na saída de Alessandro Moretti, número dois da agência.

Fachada da Abin. Foto: reprodução

Relatórios da PF sugerem que a atual gestão da Abin, comandada pelo ex-diretor-geral da PF Luiz Fernando Corrêa, tentou atrapalhar as investigações.

No entanto, integrantes do atual comando da agência negam as acusações e sugerem motivações políticas por trás delas. “O que se viu são pessoas de dentro da agência que utilizaram as ferramentas disponíveis, utilizaram a sua expertise, seu conhecimento, a estrutura da instituição para atos não afetos à instituição”, declarou Andrei.

A troca da corregedora da Abin foi outro ponto de destaque na entrevista. Andrei elogiou o trabalho de Lidiane Souza dos Santos e expressou surpresa pela notícia de sua substituição.

“Eu desconheço essa troca. Formalmente, a Polícia Federal não recebeu nenhum expediente para a cessão eventual desse servidor ou não”, afirmou o delegado. Ele também mencionou conhecer José Fernando Moraes Chuy e considerá-lo um profissional sério e dedicado.

O mandato da corregedora é de dois anos, com vencimento em agosto, podendo ser renovado a critério do comando da agência. Andrei enfatizou que Lidiane tem sido muito correta e diligente em seu trabalho, colaborando com a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU).

Andrei também abordou o caso das joias e da suspeita de falsificação de cartão de vacinação contra a Covid-19 envolvendo Jair Bolsonaro. Segundo ele, a Procuradoria-Geral da República tem elementos suficientes para denunciar o ex-presidente, dado que a PF já indiciou Bolsonaro nesses casos.

Fonte: DCM

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