Pesquisa feita com fiéis paulistanos mostra rejeição a pautas defendidas pelo grupo político do ex-presidente, apesar de haver convergências
Pesquisa Datafolha com evangélicos paulistanos mostra que pautas caras ao bolsonarismo não são necessariamente compartilhadas pelos fiéis. Em alguns pontos, há discordâncias significativas, como nos casos do armamento da população, do “homeschooling” e da defesa da prisão para mulheres que decidem interromper a gravidez.
No caso do aborto, a maioria dos evangélicos da cidade condena a prática. Perguntados se acham que a interrupção da gravidez deveria deixar de ser crime, 68% se dizem contra, percentual quase três vezes maior que os 23% que se consideram a favor; 4% são indiferentes, e 5% não sabem responder.
A visão muda, contudo, quando a pergunta envolve a prisão das mulheres que abortam, algo que entrou em evidência nos últimos meses por causa de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que, na prática, buscava penalizar ainda mais a prática e dificultar acesso ao aborot legal. Neste ponto, 53% se colocam contra a prisão, que no Legislativo foi defendida por vários bolsonaristas, e 29% dizem ser a favor. Os indiferentes são 7%, e os que não sabem somam 11%.
Uma das marcas da presidência de Jair Bolsonaro (PL), a defesa do armamento da população também desponta como algo que registra dissonância junto aos evangélicos: 66% são contra os cidadãos terem armas para se defender, ante 28% que são a favor, 4% de indiferentes e 2% que não sabem.
O Datafolha também se debruçou sobre o “homeschooling” — a possibilidade de crianças estudarem em casa, em vez de irem às escolas. Até então pouco presente no debate nacional, a causa foi abraçada pelo bolsonarismo como uma forma de evitar o que apoiadores do ex-presidente classificam como uma “doutrinação” por parte de professores.
Geralmente mais pobres e, portanto, conscientes do papel da escola também como local em que as crianças podem passar o dia enquanto os pais trabalham, além de receberem refeições, os evangélicos são em ampla maioria contra essa política: 77%. Apenas 19%, cerca de um a cada cinco, dizem-se favoráveis.
Também chama atenção na pesquisa, apesar de o termo “educação sexual” ser complexo e abranger diferentes visões, que a maioria dos evangélicos se coloque favorável ao tema nas escolas, bem diferente do que prega o bolsonarismo. São 74% que concordam, contra 25% que discordam.
Acolhida a homossexuais
Assim como no caso do aborto, pessoas homossexuais despertam visões diferentes entre evangélicos. Se por um lado eles rejeitam a formação de casais por pessoas do mesmo sexo, por outro acreditam que as igrejas devem acolher homossexuais e transsexuais.
Mais da metade, 57%, é contra esse tipo de casamento, e 26% são a favor; o percentual de indiferentes é de 13%, e o de que não sabem responder, 5%.
No caso do acolhimento pelas igrejas, a maioria é esmagadora: 86% concordam que os espaços religiosos devem acolher, ante apenas 12% que discordam, deixando meros 3% para os que não sabem ou não concordam nem discordam.
O Datafolha entrevistou 613 paulistanos entre os dias 24 e 28 de junho.
Fonte: Agenda do Poder com informações do GLOBO.
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