domingo, 7 de julho de 2024

Com recorde de eleitores, França elege coalizão de esquerda derrotando reunião de partidos de extrema direita

 Resultado, ainda em apuração, foi consequência de um pacto para criar um ‘cordão sanitário’ contra os ultraconservadores no segundo turno


As primeiras estimativas apontam que uma frente republicana impediu que a Reunião Nacional, grupo de extrema direita, vencesse a eleição legislativa na França. A liderança ficou com a Coalizão de Esquerda. Além disso, um pacto entre partidos de centro, ecologistas e de esquerda conseguiu barrar a onda populista que ameaçava chegar ao poder pela primeira vez desde a ocupação nazista da França, na Segunda Guerra Mundial.


Segundo o jornal “Le Monde”, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve até 192 assentos no Parlamento, seguido da coalizão de centro, de Emmanuel Macron, com até 170 assentos. Nenhum partido teria obtido o mínimo de 289 votos para conquistar a maioria na Casa, mas esquerda e centro indicaram uma possível aliança para impedir um primeiro-ministro da extrema direita — esta teria ficado com um máximo de 152 assentos.


Essa é a quarta vez que a frente republicana funciona, depois de também se unir nas eleições de 2002, 2017 e 2022. Mas não impediu, desta vez, que o grupo RN ampliasse de forma importante sua participação política, lembra o colunista de Jamil Chade, do UOL.


Esses são os dados das primeiras projeções, anunciadas no momento em que as urnas foram fechadas e que a contagem teve início. O segundo turno, realizado neste domingo, foi marcado por mais de 30 mil soldados e policiais nas ruas e por um alerta por parte de acadêmicos, jogadores e artistas sobre os riscos que a França correria caso a extrema direita saísse vencedora. O voto na França não é obrigatório. Mas a participação foi a mais elevada em décadas.


A eleição foi convocada pelo presidente Emmanuel Macron, depois que a extrema direita venceu o pleito para o Parlamento Europeu, no mês passado. Sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional causou choque e incompreensão. Seu argumento era de que os franceses não votariam da mesma forma numa eleição nacional.


Segundo as primeiras projeções, a coalizão de partidos de esquerda chegou em primeiro lugar, com um total de entre 150 e 180 cadeiras. A coalizão de partidos aliados a Macron, terminou com 150 a 170 cadeiras.


A Reunião Nacional, partido de direita de Le Pen, que havia terminado o primeiro turno no topo, acabou apenas em terceiro lugar.


Diante dos dados, políticos franceses e entidades comemoraram a derrota da extrema direita. O próprio Bardella, com apenas 28 anos, indicou que apenas ocuparia o cargo se seu movimento somasse os votos necessários para obter uma maioria no Parlamento. Isso exigiria 288 assentos dos 577 lugares na Assembleia.


O resultado foi consequência de um pacto para criar um “cordão sanitário” contra os ultraconservadores no segundo turno.


Mais de 220 políticos de esquerda ou de centro-esquerda aceitaram desistir de suas candidaturas, na esperança de que seus votos fossem transferidos para o mais bem colocado que tivesse chance de barrar a eleição de um representante da extrema direita.


A eleição para os 577 representantes na Assembleia é distrital. Foram para as urnas neste domingo todos os candidatos que obtiveram mais de 12% dos votos no primeiro turno.


Ingovernável


Com a formação de um parlamento fragmentado e com a maioria presidencial abalada, as previsões também indicam que os últimos três anos da presidência de Emmanuel Macron prometem ser marcadas por um enfraquecimento do chefe de estado.   


Fonte: Agenda do Poder

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