Resultado, ainda em apuração, foi consequência de um pacto para criar um ‘cordão sanitário’ contra os ultraconservadores no segundo turno
As primeiras estimativas apontam que uma frente republicana impediu que a Reunião Nacional, grupo de extrema direita, vencesse a eleição legislativa na França. A liderança ficou com a Coalizão de Esquerda. Além disso, um pacto entre partidos de centro, ecologistas e de esquerda conseguiu barrar a onda populista que ameaçava chegar ao poder pela primeira vez desde a ocupação nazista da França, na Segunda Guerra Mundial.
Segundo o jornal “Le Monde”, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve até 192 assentos no Parlamento, seguido da coalizão de centro, de Emmanuel Macron, com até 170 assentos. Nenhum partido teria obtido o mínimo de 289 votos para conquistar a maioria na Casa, mas esquerda e centro indicaram uma possível aliança para impedir um primeiro-ministro da extrema direita — esta teria ficado com um máximo de 152 assentos.
Essa é a quarta vez que a frente republicana funciona, depois de também se unir nas eleições de 2002, 2017 e 2022. Mas não impediu, desta vez, que o grupo RN ampliasse de forma importante sua participação política, lembra o colunista de Jamil Chade, do UOL.
Esses são os dados das primeiras projeções, anunciadas no momento em que as urnas foram fechadas e que a contagem teve início. O segundo turno, realizado neste domingo, foi marcado por mais de 30 mil soldados e policiais nas ruas e por um alerta por parte de acadêmicos, jogadores e artistas sobre os riscos que a França correria caso a extrema direita saísse vencedora. O voto na França não é obrigatório. Mas a participação foi a mais elevada em décadas.
A eleição foi convocada pelo presidente Emmanuel Macron, depois que a extrema direita venceu o pleito para o Parlamento Europeu, no mês passado. Sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional causou choque e incompreensão. Seu argumento era de que os franceses não votariam da mesma forma numa eleição nacional.
Segundo as primeiras projeções, a coalizão de partidos de esquerda chegou em primeiro lugar, com um total de entre 150 e 180 cadeiras. A coalizão de partidos aliados a Macron, terminou com 150 a 170 cadeiras.
A Reunião Nacional, partido de direita de Le Pen, que havia terminado o primeiro turno no topo, acabou apenas em terceiro lugar.
Diante dos dados, políticos franceses e entidades comemoraram a derrota da extrema direita. O próprio Bardella, com apenas 28 anos, indicou que apenas ocuparia o cargo se seu movimento somasse os votos necessários para obter uma maioria no Parlamento. Isso exigiria 288 assentos dos 577 lugares na Assembleia.
O resultado foi consequência de um pacto para criar um “cordão sanitário” contra os ultraconservadores no segundo turno.
Mais de 220 políticos de esquerda ou de centro-esquerda aceitaram desistir de suas candidaturas, na esperança de que seus votos fossem transferidos para o mais bem colocado que tivesse chance de barrar a eleição de um representante da extrema direita.
A eleição para os 577 representantes na Assembleia é distrital. Foram para as urnas neste domingo todos os candidatos que obtiveram mais de 12% dos votos no primeiro turno.
Ingovernável
Com a formação de um parlamento fragmentado e com a maioria presidencial abalada, as previsões também indicam que os últimos três anos da presidência de Emmanuel Macron prometem ser marcadas por um enfraquecimento do chefe de estado.
Fonte: Agenda do Poder
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