terça-feira, 23 de julho de 2024

Chacina do Guarujá: capitão e cabo da PM se tornam réus por homicídio em operação no litoral de SP

 Operações do governo Tarcísio na Baixada Santista foram as mais letais da história da polícia militar de SP, perdendo apenas para o Massacre do Carandiru


Dois policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) se tornaram réus por homicídio durante a Operação Escudo, que ocorreu em julho do ano passado, na Baixada Santista, no litoral de São Paulo.


O juiz Thomaz Correa Farqui, da 3ª Vara Criminal do Foro de Guarujá, aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e suspendeu a dupla das funções públicas. A decisão determinou o prazo de dez dias para que os agentes respondam à acusação, por escrito.


Farqui levou em conta indícios de que Marcos Correa de Moraes Verardino e outro policial praticaram homicídio qualificado, usando os cargos e armamentos públicos para fugir do “dever funcional” e “agir como perigosos criminosos”. “Executaram (segundo uma análise perfunctória e provisória) pessoa imobilizado, sem qualquer capacidade de reação”, considerou.


Segundo o juiz, a suspensão das funções é necessária para garantir o andamento do processo e evitar novos crimes. Isso porque, de acordo com a denúncia, os policiais teriam agido para manipular provas, apagando imagens das câmeras existentes no cenário criminoso e modificando o local do crime.


“Isto demonstra que, a continuarem no exercício de suas funções, poderão os réus não só investir contra outras vítimas, mas também agir para atrapalhar a produção probatório (o que, repito, segundo narrativa ministerial, já fizeram logo após o crime)”, destacou o juiz.


Esta é a terceira denúncia envolvendo ações policiais na Operação Escudo. Em dezembro de 2023, os policiais Eduardo de Freitas Araújo e Augusto Vinícius Santos de Oliveira se tornaram réus e, em abril, os policiais militares Rafael Perestrelo Trogillo e Rubem Pinto também.


Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que não comenta decisões judiciais.


Operação Escudo

A Operação Escudo, que ficou conhecida como Chacina do Guarujá, foi deflagrada na região após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis, em julho de 2023. Na ocasião, o agente foi baleado durante patrulhamento em Guarujá (SP).


Nos 40 dias de ação, segundo divulgado pela SSP-SP, 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais. Desde o início da ação, instituições e autoridades que defendem os direitos humanos pediam o fim da operação.


Operação Verão

Em 2024, com novas mortes de PMs na região, o governo voltou a realizar operações na Baixada – desta vez, batizadas de Verão. Na que vigiu entre 3 de fevereiro e 1º de abril, 56 pessoas foram mortas em ações policiais. Foi a maior chacina da polícia de São Paulo desde o Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992.


Com as operações na Baixada, as mortes cometidas por policiais subiram 86% no primeiro trimestre de 2024, segundo ano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.


À época, entidades de direitos humanos denunciaram na Organização das Nações Unidas (ONU) o governador Tarcísio e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Tarcísio rebateu:


“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse o governador.


Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.

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