Operações do governo Tarcísio na Baixada Santista foram as mais letais da história da polícia militar de SP, perdendo apenas para o Massacre do Carandiru
Dois policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) se tornaram réus por homicídio durante a Operação Escudo, que ocorreu em julho do ano passado, na Baixada Santista, no litoral de São Paulo.
O juiz Thomaz Correa Farqui, da 3ª Vara Criminal do Foro de Guarujá, aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e suspendeu a dupla das funções públicas. A decisão determinou o prazo de dez dias para que os agentes respondam à acusação, por escrito.
Farqui levou em conta indícios de que Marcos Correa de Moraes Verardino e outro policial praticaram homicídio qualificado, usando os cargos e armamentos públicos para fugir do “dever funcional” e “agir como perigosos criminosos”. “Executaram (segundo uma análise perfunctória e provisória) pessoa imobilizado, sem qualquer capacidade de reação”, considerou.
Segundo o juiz, a suspensão das funções é necessária para garantir o andamento do processo e evitar novos crimes. Isso porque, de acordo com a denúncia, os policiais teriam agido para manipular provas, apagando imagens das câmeras existentes no cenário criminoso e modificando o local do crime.
“Isto demonstra que, a continuarem no exercício de suas funções, poderão os réus não só investir contra outras vítimas, mas também agir para atrapalhar a produção probatório (o que, repito, segundo narrativa ministerial, já fizeram logo após o crime)”, destacou o juiz.
Esta é a terceira denúncia envolvendo ações policiais na Operação Escudo. Em dezembro de 2023, os policiais Eduardo de Freitas Araújo e Augusto Vinícius Santos de Oliveira se tornaram réus e, em abril, os policiais militares Rafael Perestrelo Trogillo e Rubem Pinto também.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que não comenta decisões judiciais.
Operação Escudo
A Operação Escudo, que ficou conhecida como Chacina do Guarujá, foi deflagrada na região após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis, em julho de 2023. Na ocasião, o agente foi baleado durante patrulhamento em Guarujá (SP).
Nos 40 dias de ação, segundo divulgado pela SSP-SP, 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais. Desde o início da ação, instituições e autoridades que defendem os direitos humanos pediam o fim da operação.
Operação Verão
Em 2024, com novas mortes de PMs na região, o governo voltou a realizar operações na Baixada – desta vez, batizadas de Verão. Na que vigiu entre 3 de fevereiro e 1º de abril, 56 pessoas foram mortas em ações policiais. Foi a maior chacina da polícia de São Paulo desde o Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992.
Com as operações na Baixada, as mortes cometidas por policiais subiram 86% no primeiro trimestre de 2024, segundo ano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.
À época, entidades de direitos humanos denunciaram na Organização das Nações Unidas (ONU) o governador Tarcísio e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Tarcísio rebateu:
“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse o governador.
Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.
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