Tereza Cristina e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução
A disputa pela Prefeitura de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, criou um cenário de tensão entre três ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente, com participação direta, aprovou uma aliança do PL com o PSDB, rompendo um acordo prévio com o PP, da senadora Tereza Cristina (PP-MS), que comandou a pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento entre 2019 e 2022.
A negociação foi liderada pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional, e confirmada em uma reunião com Bolsonaro. No final de junho, durante uma audiência com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, enquanto Tereza Cristina estava em missão oficial nos Estados Unidos, o acordo com o PP foi desfeito, já com o acerto da nova aliança entre PL e PSDB.
Tereza tinha um acordo com Bolsonaro e Valdemar para apoiar a reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP). Surpresa pela decisão, a senadora e o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), ex-ministro da Casa Civil, expressaram sua insatisfação ao ex-presidente. Eles lembraram que o pré-candidato do PSDB, Beto Pereira, apoiou Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento, contra Bolsonaro em 2022. Mesmo assim, saíram convencidos de que o acordo entre PL e PSDB estava consolidado.
“Tínhamos um acordo muito avançado para ser fechado. O PL não quis fechar. Fechou com o PSDB. Ótimo. Continuamos com a prefeita. Ponto. E vamos ganhar a eleição”, declarou Tereza Cristina à Folha. Sobre o impacto na relação com Bolsonaro, ela disse: “Ele tem as razões dele, do PL. Tenho as minhas, do PP. Nacionalmente, temos um alinhamento. No estado, vamos andar separados. Cada um escolhe com quem anda”.
Nogueira confirmou que a negociação foi conduzida por Marinho e disse que não o procuraria para discutir o assunto. “Como diz meu pai: quem tem com quem me pague não me deve nada”, afirmou.
Após uma reunião com Bolsonaro e Tereza Cristina, Ciro Nogueira tentou mostrar união nas redes sociais, afirmando que discutiu o futuro do país com o ex-presidente e reafirmou o apoio do PP a Bolsonaro.
Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB, contou que foi procurado por Marinho, em nome de Bolsonaro, para abrir um canal de diálogo no estado. Azambuja, o governador Eduardo Riedel, Bolsonaro e Marinho discutiram uma aliança em Campo Grande em uma reunião em Brasília no dia 27 de junho. A cúpula do PL informou que substituiria o presidente estadual e escolheu Aparecido Portela, suplente de Tereza Cristina, conhecido como Tenente Portela, para executar o acordo.
Marcos Pollon, destituído da presidência estadual do PL, protestou nas redes sociais, dizendo ter levado um “soco no estômago” e lembrando que não votaria nem na própria mãe se ela fosse filiada ao PSDB.
Esse não foi o primeiro rompimento de acordo em Mato Grosso do Sul por Bolsonaro. Em 2022, durante um debate presidencial, ele desfez, ao vivo, a aliança com Riedel, apoiando Capitão Contar, do PRTB, ao governo.
Fonte: DCM
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