segunda-feira, 22 de julho de 2024

Arrecadação de fundos dos democratas recebe mais de R$ 150 milhões desde o anúncio da desistência de Biden

 Aumento é sinal de que a mudança foi recebida com entusiasmo pela base de doadores


Desde o anúncio de Joe Biden de desistir da corrida eleitoral dos EUA, a ActBlue — principal plataforma democrata de arrecadação de fundos — recebeu mais de US$ 27,5 milhões (cerca de R$ 152 milhões) de doadores online. O valor é muito acima do normal: no dia anterior, por exemplo, foram recebidos cerca de US$ 2,7 milhões em doações (R$ 15 milhões), um décimo do valor deste domingo. O aumento é um sinal de que a mudança foi recebida com entusiasmo pela base de doadores dos democratas.


Neste domingo, a corrida eleitoral americana sofreu uma grande reviravolta a pouco mais de um mês da Convenção Nacional Democrata , com a saída do presidente da disputa. Em seu lugar, Biden indicou o apoio à vice-presidente Kamala Harris, 59 anos.


“Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”, escreveu no X, minutos depois de anunciar sua desistência.


Nos últimos dois anos, Biden e Kamala arrecadaram juntos centenas de milhões de dólares para sua campanha de reeleição. Esse dinheiro foi dividido entre a campanha de Biden, o Comitê Nacional Democrata, quase todos os partidos democratas estaduais e vários comitês de arrecadação conjunta que redistribuem fundos entre todas essas entidades. Em 30 de junho, todos esses grupos tinham cerca de US$ 240 milhões em caixa. A maior parte desse dinheiro não seria afetada por uma mudança de candidato.


Mas o dinheiro mais importante está nas contas do comitê de campanha Biden-Harris: US$ 91 milhões até 30 de maio. Esse dinheiro foi arrecadado pela chapa Biden-Harris e pertence à chapa Biden-Harris. As únicas pessoas a quem esse dinheiro acompanha são Biden e Kamala. Portanto, se Kamala for oficialmente nomeada (com um novo vice), sua nova chapa teria quase nenhuma interrupção financeira. Ela teria acesso imediato ao montante em caixa, uma consideração importante, dado como o ex-presidente Donald Trump e os republicanos rapidamente alcançaram os democratas na arrecadação de fundos (US$ 116 milhões até maio, segundo a Reuters).


Porém, mesmo com o apoio de Biden, há ainda a possibilidade de Kamala ser desafiada em uma convenção aberta, caso não consiga os votos necessários para garantir a indicação do partido na primeira rodada de votações. Nesse caso, delegados partidários poderão escolher quem acharem mais apto: entre os mais cotados, estão os governadores como Gavin Newsom, da Califórnia, Gretchen Whitmer, do Michigan, e do IIIinois, J.B. Pritzker. Até o momento, Kamala parece ter a melhor resposta nas pesquisas eleitorais. De acordo com dados do instituto de pesquisa Morning Consult, 30% dos eleitores democratas a apoiam como a substituta de Biden. Newsom é o próximo na preferência, com 20% de apoio.


Ou seja, se o novo candidato não for Kamala, quase todos os US$ 91 milhões na conta de campanha teriam que ser reembolsados aos doadores, um desfecho bastante remoto. (Uma ressalva: o dinheiro designado para a eleição primária, em oposição à eleição geral, poderia ser usado por qualquer um até a Convenção Nacional Democrata no próximo mês.)


Mas há um porém, que foi informado por precedentes recentes. Se alguém que não Kamala liderar a chapa, a campanha Biden-Harris poderia certamente transferir esses montante para um super PAC federal (“Comitê de Ação Política”, que pode arrecadar e gastar quantias ilimitadas de dinheiro para apoiar ou se opor a candidatos políticos), que poderia gastá-lo em publicidade para a nova chapa democrata. Isso não seria o ideal, porque o dinheiro de um grupo externo não pode ser controlado diretamente pela campanha, e os super PACs têm que pagar taxas mais altas pelo tempo de publicidade. Mas o dinheiro não seria totalmente desperdiçado.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

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