segunda-feira, 22 de julho de 2024

Argentina e professora: quem é a mulher que imitou macaco em samba no Rio

Carolina de Palma foi gravada imitando macaco em samba. Foto: reprodução

 Uma mulher argentina e um homem brasileiro foram denunciados por imitar macacos durante uma roda de samba na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, na noite de sexta-feira (19). O flagrante de racismo foi registrado em vídeo pela jornalista Jackeline Oliveira, que apresentou a gravação à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) na segunda-feira (22).

Segundo a jornalista, a mulher é de Buenos Aires e estava no Rio para participar do Fórum Latino-americano de Educação Musical. O homem, residente do Rio, a acompanhava. O próprio fórum confirmou que um dos envolvidos participou do evento.

Nas redes sociais, a argentina foi identificada como Carolina de Palma, é professora de música e, desde a repercussão, excluiu suas contas na rede social, assim como o brasileiro que a acompanhava durante o ato racista.

“Nada ameniza o racismo. Ninguém, em país nenhum, vai entender que o racismo é uma coisa boba, uma brincadeira. Volto a dizer que o homem é brasileiro, está aqui no Rio de Janeiro e vai ser encontrado em alguma hora. A mulher não sei se já voltou para a Argentina, mas também não vai sumir. A gente vai continuar buscando e eu espero que a polícia faça o trabalho dela, localizando, responsabilizando e fazendo essas pessoas pagarem pelo crime e ato de racismo que cometeram”, declarou Jackeline.

A jornalista também relatou que, ao comprar água, avistou o casal, inicialmente pensando que fosse uma dança. Após perceber o teor racista das imitações, decidiu gravar a ação e informar os seguranças. No dia seguinte, ela postou o vídeo em suas redes sociais, e ao perceber a gravidade da situação, buscou apoio da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal e de Wanderso Luna, idealizador da roda de samba “Pede Teresa”, para formalizar a denúncia.

Jackeline foi formalizar a denúncia acompanhada de Luna, da vereadora Mônica Cunha (PSOL), presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal, e de uma advogada.

“Quando o caso ganhou essa repercussão toda nas redes sociais, não imaginava que teria tanta força. Mas a população se mobilizou, porque não pode ser mais um caso de racismo. Tem que ter um tipo de punição”, afirmou a jornalista à Globo.

Wanderso soube do incidente no dia seguinte e lamentou o ocorrido. “É algo tão absurdo, em 2024, uma pessoa imitar um macaco, que ninguém acredita. As pessoas não se dão conta do que está acontecendo. Podia ter tido uma tragédia. Eles são racistas, mas a gente não quer que ninguém morra ou sofra uma violência”, contou.

Luna, homem preto, destacou que o racismo infelizmente é comum, mas a roda de samba “Pede Teresa” na Praça Tiradentes é uma ferramenta de resistência.

“A roda Pede Teresa, na Praça Tiradentes, é uma ferramenta para lutar contra isso, até porque o local, historicamente sempre foi ocupado por nós pretos. Há dois séculos estavam lá capoeiristas e quando botaram a estátua de D. Pedro I tiraram a gente de lá. Confio na justiça brasileira. Vão encontrá-los e vão pagar. Mas a gente está diante de uma oportunidade de provocar um debate de transformação e de como se lida com o racismo”, afirmou.

A vereadora Mônica Cunha expressou revolta ao ver o vídeo. “Foi revoltante, porque isso dá gatilho em nós que conhecemos o racismo. É muito triste ver duas pessoas que vão a um lugar daquele e em vez de aproveitar fazem uma coisa dessa.”

O Fórum Latino-americano de Educação Musical repudiou o ato, afirmando que os envolvidos não são associados ao Fladem Brasil e solicitou uma investigação pela seção brasileira do Fórum.

Fonte: DCM

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