Os ministros Barroso e André Mendonça. Foto: reprodução
Durante o julgamento sobre a posse de
maconha para uso pessoal no Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros Luís
Roberto Barroso e André Mendonça protagonizaram um acalorado debate antes do
início do julgamento desta quinta-feira (20). A discussão começou quando o
presidente da corte relatava uma conversa com dom Jaime Spengler, presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que havia expressado
preocupações sobre o caso.
“Estamos discutindo duas questões, se isso deve ser tratado como um ato
ilícito de natureza penal ou administrativo. E a segunda questão é a quantidade
que diferencia o porte de tráfico”, disse Barroso ao contar que Spengler foi
vítima de desinformação.
Mendonça discordou da afirmação de desinformação feita
pelo presidente da casa, dizendo que o representante da CNBB entendia a questão
da mesma forma que ele. “A opinião dele é compartilhada por mim”, afirmou o
ministro.
“André, me desculpe, mas ele me disse que não estava
ciente da discussão. Por isso me comprometi a esclarecer no início da sessão”,
respondeu Barroso, acrescentando que Spengler havia dito que não compreendia
completamente a questão.
Mendonça insistiu que o bispo não havia recebido informações incorretas
e que a opinião da liderança católica estava refletida em seu voto. “Ele não
tem informação incorreta. A informação é essa mesmo. A grande verdade é que
estamos passando por cima do legislador, que definiu que portar drogas é
crime”.
O presidente do STF seguiu rebatendo: “Vossa excelência acaba de dizer a mesma coisa que eu disse, mas com um tom mais panfletário”, disse, destacando que sua explicação foi “extremamente correta”.
O ministro Alexandre de Moraes
interveio na discussão, ressaltando a importância de esclarecer os pontos
debatidos. “Todo mundo palpita e pouca gente conhece essas discussões”,
afirmou. Ele ainda destacou que o STF tem debatido essas questões por nove anos
e elogiou a explicação de Barroso, afirmando que a deturpação do debate
prejudica a imagem do Supremo perante a sociedade.
“O ministro Gilmar trouxe em 2015 essas
duas questões. Uma é a diferenciação entre usuário e traficante e se o usuário
comete ilícito penal ou administrativo. E o STF tem que assumir que está
discutindo essas duas questões”, disse Moraes, enfatizando a necessidade de
clareza e precisão nas informações transmitidas ao público.
Fonte: DCM
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