terça-feira, 4 de junho de 2024

Refugiados em seus gabinetes, deputados aprovam terceirização de escolas públicas


Protestos de professores e estudantes contra projeto de lei forçaram Ademar Traiano a fazer a votação on-line; proposta de Ratinho passou por 39 votos a 12

Após professores da rede estadual ocuparem a Alep para acompanhar votação de projeto que privatiza escolas do Paraná, votação deve ser feita online. Foto: Tami Taketani / PluralApós professores da rede estadual ocuparem a Alep para acompanhar votação de projeto que privatiza escolas do Paraná, votação deve ser feita online. Foto: Tami Taketani / Plural


Em um dia marcado por protestos, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou por 39 votos a 12 a proposta do governo de Ratinho Jr. (PSD) que permite a terceirização da gestão de escolas estaduais. Assustados com a manifestação dos professores, que forçaram a entrada no prédio e ocuparam as galerias, os deputados da base de Ratinho votaram refugiados em seus gabinetes, em uma sessão remota. Apenas os deputados da oposição permaneceram em plenário.

O projeto de Ratinho Jr. pretende retirar dos professores concursados a gestão das escolas e entregar a administração dos colégios a empresas privadas. O governo diz ter inspirado a ideia em países como Canadá e Coreia do Sul e afirma ter obtido bons resultados nas duas escolas usadas como piloto – os resultados são contestados por professores dos colégios e pelo sindicato que representa os educadores, a APP-Sindicato.

Milhares de professores e estudantes atenderam ao chamado da APP e compareceram ao protesto em frente à Assembleia. Em greve a partir desta segunda (3), os professores dizem que a proposta é uma afronta à categoria e que põe em risco a própria existência da educação pública no Paraná.

Os deputados, porém, não se comoveram com os apelos dos professores. Exceto pelos sete deputados da oposição (Ana Julia, Chioratto, Dr. Antenor, Luciana Rafagnin, Professor Lemos e Requião Filho, do PT, e Goura do PDT), apenas outros cinco votaram contra o projeto: Cristina Silvestri e Mabel Canto, do PSDB; Ney Leprevost, do União, Tercílio Turini, do MDB; e Evandro Araújo, do PSD.

O projeto volta agora para a Comissão de Constituição e Justiça para que sejam analisadas as emendas apresentadas. Mas já nesta terça-feira, a ideia do presidente Ademar Traiano (PSD), é encerrar a votação. Estão marcadas quatro sessões plenárias para a tarde, duas ordinárias e duas extraordinárias. Ainda não houve anúncio formal, mas provavelmente as sessões serão feitas igualmente de forma remota.

Protestos

Os protestos contra a aprovação do projeto de terceirização começaram há duas semanas, com a aprovação de uma greve por tempo indeterminado dos professores das escolas estaduais. Nesta segunda, houve uma guerra de números quanto à adesão à greve. O governo diz que em 87% dos colégios houve aulas normais, sem qualquer influência dos grevistas; a APP afirma que em 100% das escolas houve adesão parcial ou total à greve.

Porta estilhaçada na Assembleia. Foto: Tami Taketani/Plural


No início da manhã, professores já se concentravam na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba. Depois, a multidão saiu em passeata até o Centro Cívico. Durante as primeiras horas, os manifestantes foram impedidos de entrar na Assembleia. Mesmo deputados tinham dificuldade de entrar e precisavam recorrer ao subterfúgio de entrar pelo prédio do Tribunal de Justiça, que tem uma ligação com a Assembleia.

Perto das 14h, os manifestantes tiveram autorização para entrar no terreno da Assembleia, mas não no prédio. Porém, em algum momento, a porta de vidro que separava os professores da entrada foi pressionada e estilhaçou. Pelo menos uma pessoa ficou levemente ferida. A multidão aproveitou o momento e entrou no prédio, subindo as rampas para acessar as galerias.

Às 14h30, Traiano abriu a sessão mas disse que “em função da invasão” do prédio, estava suspendendo a sessão, que só foi retomada virtualmente horas mais tarde. Os manifestantes, porém, permaneceram firmes na Assembleia, gritando palavras de ordem. No meio da tarde, com a sessão já suspensa, tiveram acesso às galerias e de lá puderam assistir à participação dos oposicionistas na sessão remota.

Veja como votou cada deputado:

Adão Litro (PSD) – Sim
Alexandre Amaro (Rep) – Sim
Alexandre Curi (PSD) – Sim
Alisson Wandscheer (SD) – Sim
Ana Julia (PT) – Não
Anibelli Neto (MDB) – Sim
Arilson Chioratto (PT) – Não
Artagão Jr. (PSD) – Sim
Batatinha (MDB) – Sim
Bazana (PSD) – Sim
Cantora Mara Lima (Rep) – Sim
Cloara Pinheiro (PSD) – Sim
Cobra Repórter (PSD) – Sim
Cristina Silvestri (PSDB) – Não
Delegado Jacovós (PL) – Sim
Denian Couto (Pode)- Sim
Do Carmo (União) – Sim
Douglas Fabrício (Cdn) – Sim
Dr. Antenor (PT) – Não
Evandro Araújo (PSD) – Não
Fabio Oliveira (Pode) – Sim
Flavia Francischini (União) – Sim
Gilberto Ribeiro (PL) – Ausente
Gilson de Souza (PL) – Sim
Goura (PDT) – Não
Gugu Bueno (PSD) – Sim
Hussein Bakri (PSD) – Sim
Luciana Rafagnin (PT) – Não
Luis Corti (PSB) – Sim
Luiz Claudio Romanelli (PSD) – Sim
Luiz Fernando Guerra (União) – Sim
Mabel Canto (PSDB) – Não
Marcel Micheletto (PL) – Sim
Marcia Huçulak (PSD) – Sim
Marcio Pacheco (PP) – Sim
Maria Victoria (PP) – Sim
Marli Paulino (SD) – Sim
Matheus Vermelho (PP) – Sim
Moacyr Fadel (PSD) – Sim
Nelson Justus (União)- (Sim)
Ney Leprevost (União) – Não
Paulo Gomes (PP) – Sim
Professor Lemos – (PT) Não
Reichembarch (PSD) – Sim
Renato Freitas (PT) – Não
Requião Filho (PT) – Não
Ricardo Arruda (PL) – Sim
Samuel Dantas (SD) – Sim
Soldado Adriano José (PP) – Sim
Tercílio Turini (MDB) – Não
Thiago Buhrer (União) – Sim
Tiago Amaral (PSD) – Sim
Tito Barichello (União) – Sim

Fonte: Jornal Plural

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