Protestos de professores e estudantes contra projeto de lei forçaram Ademar Traiano a fazer a votação on-line; proposta de Ratinho passou por 39 votos a 12
Após professores da rede estadual ocuparem a Alep para acompanhar votação de projeto que privatiza escolas do Paraná, votação deve ser feita online. Foto: Tami Taketani / Plural
Em
um dia marcado por protestos, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou por 39
votos a 12 a proposta do governo de Ratinho Jr. (PSD) que permite a
terceirização da gestão de escolas estaduais. Assustados com a manifestação dos
professores, que forçaram a entrada no prédio e ocuparam as galerias, os
deputados da base de Ratinho votaram refugiados em seus gabinetes, em uma
sessão remota. Apenas os deputados da oposição permaneceram em plenário.
O projeto de
Ratinho Jr. pretende retirar dos professores concursados a gestão das escolas e
entregar a administração dos colégios a empresas privadas. O governo diz ter
inspirado a ideia em países como Canadá e Coreia do Sul e afirma ter obtido
bons resultados nas duas escolas usadas como piloto – os resultados são
contestados por professores dos colégios e pelo sindicato que representa os
educadores, a APP-Sindicato.
Milhares de professores e estudantes atenderam ao chamado
da APP e compareceram ao protesto em frente à Assembleia. Em greve a partir
desta segunda (3), os professores dizem que a proposta é uma afronta à
categoria e que põe em risco a própria existência da educação pública no Paraná.
Os
deputados, porém, não se comoveram com os apelos dos professores. Exceto pelos
sete deputados da oposição (Ana Julia, Chioratto, Dr. Antenor, Luciana
Rafagnin, Professor Lemos e Requião Filho, do PT, e Goura do PDT), apenas
outros cinco votaram contra o projeto: Cristina Silvestri e Mabel Canto, do
PSDB; Ney Leprevost, do União, Tercílio Turini, do MDB; e Evandro Araújo, do
PSD.
O projeto
volta agora para a Comissão de Constituição e Justiça para que sejam analisadas
as emendas apresentadas. Mas já nesta terça-feira, a ideia do presidente Ademar
Traiano (PSD), é encerrar a votação. Estão marcadas quatro sessões plenárias
para a tarde, duas ordinárias e duas extraordinárias. Ainda não houve anúncio
formal, mas provavelmente as sessões serão feitas igualmente de forma remota.
Protestos
Os protestos contra a aprovação
do projeto de terceirização começaram há duas semanas, com a aprovação de uma
greve por tempo indeterminado dos professores das escolas estaduais. Nesta
segunda, houve uma guerra de números quanto à adesão à greve. O governo diz que
em 87% dos colégios houve aulas normais, sem qualquer influência dos grevistas;
a APP afirma que em 100% das escolas houve adesão parcial ou total à greve.
Porta estilhaçada na Assembleia. Foto: Tami Taketani/Plural
No
início da manhã, professores já se concentravam na Praça Santos Andrade, no
Centro de Curitiba. Depois, a multidão saiu em passeata até o Centro Cívico.
Durante as primeiras horas, os manifestantes foram impedidos de entrar na
Assembleia. Mesmo deputados tinham dificuldade de entrar e precisavam recorrer
ao subterfúgio de entrar pelo prédio do Tribunal de Justiça, que tem uma
ligação com a Assembleia.
Perto das
14h, os manifestantes tiveram autorização para entrar no terreno da Assembleia,
mas não no prédio. Porém, em algum momento, a porta de vidro que separava os
professores da entrada foi pressionada e estilhaçou. Pelo menos uma pessoa
ficou levemente ferida. A multidão aproveitou o momento e entrou no prédio,
subindo as rampas para acessar as galerias.
Às 14h30,
Traiano abriu a sessão mas disse que “em função da invasão” do prédio, estava
suspendendo a sessão, que só foi retomada virtualmente horas mais tarde. Os
manifestantes, porém, permaneceram firmes na Assembleia, gritando palavras de
ordem. No meio da tarde, com a sessão já suspensa, tiveram acesso às galerias e
de lá puderam assistir à participação dos oposicionistas na sessão remota.
Veja como votou cada deputado:
Fonte:
Jornal Plural
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