Os manifestantes também exigiram mais hospitais capacitados para realizar a interrupção da gravidez acima de 22 semanas em conformidade com a lei
Manifestantes ocuparam neste sábado (15) a Avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra o projeto de lei (PL) Antiaborto por Estupro, que propõe equiparar a punição para aborto à reclusão prevista para homicídio simples. Coletivos feministas, movimentos sociais e a Frente Estadual para Legalização do Aborto convocaram o ato, iniciado às 15h em frente ao Masp e seguido por uma caminhada até a Praça Franklin Roosevelt, na Consolação.
“Queremos o arquivamento desse projeto nefasto”, declarou Maria das Neves, da União Brasileira de Mulheres, criticando o que chamou de “PL da gravidez infantil”. “É um retrocesso civilizatório, usam nossos corpos como moeda de troca e avançam com a política do estupro. Mas as mulheres brasileiras vão colocar para correr esse PL.”
O cantor Tony Bellotto, do Titãs, também compareceu ao ato e disse estar indignado com o projeto.
Os manifestantes direcionaram seus protestos ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), responsável por acelerar a tramitação do projeto ao aprovar sua urgência na última quarta-feira (13). Com isso, o texto segue diretamente para o plenário, sem passar pelas comissões temáticas, onde os deputados ainda precisarão analisar o mérito.
“Gritavam em coro ‘Fora, Lira’ e ‘criança não é mãe e estuprador não é pai’”, destacou o movimento. Juliana Bruce, grávida de 18 semanas, ressaltou a importância de defender os direitos das mulheres: “Queremos ter nossos direitos mantidos, não dá para retroceder. É uma aberração esse PL.”
Ana Paula Cutolo Cortez, gestora ambiental, trouxe seus filhos ao protesto para denunciar o silêncio que favorece os opressores: “É terrível pensar em mulheres que não escolheram gerar uma vida se verem obrigadas a criar uma criança em contexto hostil.”
“Ninguém quer ver uma criança sendo obrigada a parir aquilo que foi objeto de extrema violência”, complementou Luka Franca, do Movimento Negro Unificado. O psicanalista Ivan Martins enfatizou a necessidade de defender “direitos básicos e civilizatórios, direitos da família”.
Os manifestantes também exigiram mais hospitais capacitados para realizar a interrupção da gravidez acima de 22 semanas em conformidade com a lei. A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) também estiveram presentes na manifestação.
Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S.Paulo
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