segunda-feira, 3 de junho de 2024

PF quer concluir investigações contra Bolsonaro antes da campanha eleitoral

 PGR, que receberá relatórios, não deve se manifestar durante as eleições para evitar acusações de tentativa de influência

A Polícia Federal corre contra o tempo para concluir os inquéritos que investigam supostos crimes praticados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o fim das diligências, a intenção dos investigadores é encaminhar à Procuradoria-Geral da República (PGR) os relatórios dos casos ainda no próximo mês — antes, portanto, das eleições municipais. Isso porque a PGR, caso a conclusão seja por denunciar Bolsonaro, não deverá apresentar as peças no segundo semestre, para evitar acusações de tentativa de influenciar no pleito.


Bolsonaro é alvo de pelo menos cinco inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos principais, o das milícias digitais, engloba diversas frentes: além da apuração sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, são investigadas uma possível fraude no cartão de vacinação contra a Covid-19 e a suspeita de venda e recompra de joias recebidas em viagens oficiais.


Esse inquérito foi aberto em julho de 2021 para investigar a produção e a disseminação de conteúdos que atacam as instituições democráticas nas redes sociais. Em março, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendendo a um pedido da PF, prorrogou pela décima vez o prazo de sua conclusão por mais seis meses.


Na decisão, Moraes afirmou que o inquérito foi instaurado devido à “presença de fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital” com “nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.


Na investigação que apura a suposta fraude nos dados do Ministério da Saúde referente à Covid-19, Bolsonaro e outras 16 pessoas já foram indiciadas pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação, em março. Na ocasião, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou mais diligências por ter entendido ser necessário esclarecer se o ex-presidente e os demais investigados utilizaram os certificados falsos para entrar e permanecer nos EUA, para onde viajaram no fim do mandato.


Investigações avançadas


O ex-presidente também figura como investigado no esquema dos presentes, entre eles joias de alto valor, supostamente negociados por alguns de seus aliados. A expectativa é que essa apuração seja a primeira a ser concluída, nos próximos dias, já que um agente e um delegado da PF acabaram de retornar dos Estados Unidos, onde colheram depoimentos de comerciantes e tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança e a documentos, como notas fiscais e movimentações financeiras.

Com a cooperação internacional do FBI, os policiais realizaram diligências em cidades como Miami, Wilson Grove (Pensilvânia) e Nova York.


De acordo com as investigações, auxiliares de Bolsonaro venderam ou tentaram comercializar ao menos quatro itens, sendo dois entregues pela Arábia Saudita e dois pelo Bahrein. Entre os presentes, estão relógios das marcas Rolex e Patek Phillipe, para a empresa Precision Watches, no valor total de US$ 68 mil, o que corresponde na cotação da época a R$ 346.983,60.


Outra investigação aberta que também está em vias de ser encaminhada à PGR é a que trata da suposta tentativa de golpe de Estado, em que núcleos teriam atuado para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.


Para os investigadores, há “dados que comprovam” que Bolsonaro “analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento”.


Fonte: Agenda do Poder com informações do GLOBO.

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