São investigados crimes como peculato e organização criminosa. Jair Bolsonaro deverá ser indiciado
As investigações da
Polícia Federal (PF) sobre a venda ilegal de presentes dados ao Estado
brasileiro em viagens oficiais de Jair Bolsonaro (PL) continuam a avançar. A
mais recente etapa do inquérito envolve a análise minuciosa do conteúdo dos
celulares do advogado Frederick Wassef, que representa Bolsonaro. Esta análise
é crucial para esclarecer as transações e atividades relacionadas à venda de
presentes dados ao Estado brasileiro.
Os peritos da PF estão focados em vasculhar fotos, vídeos,
mensagens de texto e áudio presentes nos aparelhos de Wassef. A detida análise
desse material, segundo fontes da investigação, é uma das razões para o
prolongamento da conclusão do relatório final, informa o jornal O Globo.
Frederick Wassef está sendo investigado por sua suposta
participação na recompra de um relógio Rolex, dado a Bolsonaro pelo governo
saudita. O Rolex teria sido previamente vendido pelo ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, a uma joalheria americana.
Wassef, que não respondeu aos contatos para comentar a
investigação, já havia afirmado em depoimento em São Paulo, em agosto de 2023,
que a transação foi legítima e declarou-a à Receita Federal. Ele apresentou
recibos que detalham a compra por US$ 49 mil e um saque de US$ 35 mil, alegando
que a compra foi feita com seus próprios recursos.
Na última semana, a PF realizou novas diligências e colheu um
novo depoimento de Mauro Cid para esclarecer a suposta negociação de outra
joia, identificada através de uma cooperação com o FBI, dos Estados Unidos.
Durante investigações em Miami, Wilson Grove e Nova York, a PF, em conjunto com
o FBI, obteve acesso a comerciantes locais, câmeras de segurança e documentos
financeiros que poderiam corroborar as alegações sobre a venda de uma nova
joia.
"Foi nessa diligência do exterior, com a equipe do
FBI, que se teve notícia dessa nova joia negociada e que não estava no foco da
investigação. Houve um encontro de um novo bem vendido no exterior e isso
talvez tenha sido um dos fatores para atrasar a conclusão do inquérito. Esse
encontro robustece a investigação que se iniciou desde a apreensão no
aeroporto", disse há duas semanas o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
O delegado Ricardo Andrade Saadi, diretor de Investigação
e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor), enfatizou que a
identificação dessa nova joia pode agravar as penas dos investigados, caso
sejam condenados. A investigação considera crimes como peculato e formação de
organização criminosa.
De acordo com a PF, auxiliares de Bolsonaro venderam ou
tentaram vender ao menos quatro itens de luxo recebidos em nome do Estado
brasileiro, sendo dois provenientes da Arábia Saudita e dois do Bahrein. Entre
os itens negociados estão relógios de marcas renomadas como Rolex e Patek
Phillipe. Um desses relógios foi vendido à empresa Precision Watches por US$ 68
mil, valor equivalente a cerca de R$ 347 mil na cotação da época.
Mauro Cid esteve diretamente envolvido em uma dessas vendas,
visitando pessoalmente uma loja em Willow Grove para realizar a transação. Uma
foto do comprovante de depósito foi encontrada em seu celular, servindo como
evidência da transação.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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