Secretário do Meio Ambiente da CUT Nacional, Daniel Gaio, vê PEC da privatização das praias como mais um ataque da direita que está no Congresso Nacional
CUT - A polêmica Proposta de Emenda à Constituição
(3/2022), apelidada de PEC da privatização das praias, porque facilita a venda
de áreas do litoral brasileiro e impede o acesso da população ao espaço
considerado um dos mais democráticos do mundo, é criticada pelo secretário do
Meio Ambiente da CUT Nacional, Daniel Gaio.
O dirigente entende que a PEC é mais uma iniciativa da direita
que está, segundo ele, “encastelada” dentro do Congresso, que quer privatizar o
que é público, como já fizeram com tantas outras coisas no país.
“Privatizar áreas de marinha é, para além disso, um ataque à
natureza, aos chamados direitos da natureza, a transformando em mercadoria.
Então, para nós, para além de uma irresponsabilidade, é um crime da soberania
nacional, é um desrespeito e faz parte dessa orquestração “ecocida”, dessa
direita fascista que esteve no poder, no Executivo, até há pouco tempo, mas que
continua mandando e desmandando na agenda do Congresso Nacional, infelizmente”,
declarou Gaio.
Ele refuta a ideia de privatização, que limita o acesso da
população em geral às praias, por sequestrar um direito que deve ser
preservado, o de acesso a esses espaços. A estimativa é que haja atualmente 2,9
milhões de imóveis em terrenos de marinha. Mas apenas 565,3 mil deles estão
cadastrados. E os beneficiários tendem a ser pessoas de alta renda, que ocupam
terrenos à beira-mar.
“Mesmo que não haja, como a direita tem tentado afirmar, uma
venda ou uma negociação desses terrenos, um repasse para a iniciativa privada,
o acesso será privado a eles. Então é sim uma privatização. Essa é a narrativa
verdadeira e correta que dialoga com a realidade desse projeto”, afirma.
Gaio conclui contando que a CUT está subscrevendo algumas
iniciativas de entidades parceiras e de escritórias de advocacia contra a PEC,
em denúncia à sua tramitação e em denúncia ao objeto como um todo.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES), anunciou na noite desta
quarta-feira (5), a aprovação de seu requerimento para audiência pública sobre
a PEC da privatização das praias, que se, aprovado, as áreas à beira mar,
de lagoas e rios, de domínio da União, serão transferidas a estados, munícipios
e também a empresas.
“Já me posicionei contra a proposta do jeito que ela está
redigida. Sou a favor de acabar com pesados impostos para quem ocupa terrenos
de marinha. Mas sou totalmente contrário à possibilidade de privatizar essas
áreas importantíssimas do ponto de vista social e ambiental. Agora, sim, vamos
discutir melhor esse assunto, com a devida importância”, justificou Contarato
em seu perfil na rede X.
PEC da Privatização das Praias facilita calote
A PEC da Privatização das Praias tem parecer favorável do
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da proposta. Em sua manifestação, o
parlamentar alegou que o projeto dará mais segurança jurídica aos atuais
ocupantes. Isso porque “muitas pessoas adquiriram imóveis devidamente
registrados na serventia de registro de imóveis e, após decorridos muitos anos,
passaram a ter suas propriedades contestadas pela União, quando da conclusão de
processos demarcatórios”, argumenta.
Flávio Bolsonaro também defende que a medida aumentará a
arrecadação federal e atenderá necessidades de municípios com grandes áreas
litorâneas. A proposta, porém, que já foi tema de audiência pública na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ), em 27 de maio, coleciona controvérsias e
provoca repercussão nas redes sociais. Atualmente, a propriedade desses imóveis
é compartilhada com a União, que cobra uma taxa de foro pelo uso e ocupação do
terreno. Em caso de transferência para outra pessoa, é preciso pagar outra
taxa, o laudêmio.
Ao facilitar a transferência, a PEC, porém, não prevê
sanções ou condutas em caso de não pagamento. O que pode provocar diversos
calotes no governo quanto ao pagamento de valores devidos por um proprietário.
“A PEC é a porta para a privatização”, destacou o o biólogo Ronaldo
Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp). “A proposta não privatiza a praia. Ela permite que prefeitos e
governadores regularizem a participação da iniciativa privada. Logo ela é a porta
para a privatização”, completou em entrevista ao portal Congresso em Foco.
Fonte: Brasil 247 com informações da CUT
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