Pedro Marin critica a "infantil crença de que as classes dominantes se preocupam com a democracia": na prática, as elites brasileiras continuam buscando a destruição do PT
Em análise sobre a trajetória histórica do Partido dos
Trabalhadores (PT) e sua posição no atual cenário político brasileiro, Pedro
Marin, editor-chefe da Revista Opera, argumenta que o esforço do presidente Lula (PT) em construir
uma frente ampla e dialogar com as classes dominantes é, na melhor das
hipóteses, inútil. Marin traça uma linha histórica que evidencia como, desde a
formação do Brasil, as elites têm consistentemente atuado para restringir a
participação política popular, moldando um país onde o "espírito não pôde
se manifestar na arena política".
Marin pontua que essa baixa participação política não é
acidental, mas sim um projeto deliberado das elites. "Não é nas qualidades
ou defeitos do povo que está a razão do nosso atraso, mas nas características
de nossas classes dominantes", cita o jornalista, remetendo-se ao
pensamento de Darcy Ribeiro. Essa estratégia permitiu às elites construir um
sistema que perpetua sua própria riqueza e poder, às custas de um povo mantido
"faminto, chucro e feio".
O surgimento de partidos de massa e com vocação nacional no
Brasil foi sempre uma ameaça às elites dominantes, sendo tolerado apenas por
breves períodos. Marin menciona o Partido Comunista, fundado em 1922, como o
primeiro a romper com a tradição de partidos regionais e elitistas, mas observa
que ele passou a maior parte de sua existência na ilegalidade. Somente após a
ditadura militar de 1964, com a redemocratização, partidos como o PT puderam
emergir e crescer, ganhando ampla base de apoio popular.
No entanto, Marin destaca que, mesmo com sua forte base e
identidade partidária, o PT tem sido alvo de ataques contínuos. Ele afirma que
"a tentativa de destruição do PT levou não só à sua derrota momentânea,
mas também à destruição da oposição que a organizara", referindo-se ao
colapso de partidos como PSDB e MDB após o golpe de 2016.
Hoje, o governo de Lula enfrenta um desafio semelhante, mas com
uma nova dinâmica. Marin critica a crença ingênua de que as classes dominantes
estão comprometidas com a democracia. "O governo Lula III parece ter se
inaugurado sob a infantil crença de que as classes dominantes também se
preocupam com a democracia", escreve ele, alertando que, na prática, as
elites brasileiras continuam a buscar a destruição do PT.
Leia a íntegra na Revista Opera.
Fonte: Brasil 247
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