A revolta nas ruas contra o projeto que equipara o aborto ao homicídio teve como um dos alvos o presidente da Câmara
O presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi um dos principais alvos das
manifestações deste domingo (23) realizadas por mulheres em diversas cidades do
Brasil contra o PL antiaborto. O projeto, que equipara o aborto realizado após
22 semanas de gestação ao crime de homicídio, gerou indignação e revolta,
culminando em protestos significativos.
A aprovação da urgência para a tramitação do projeto,
conduzida de forma relâmpago na Câmara dos Deputados, trouxe Lira para o centro
das críticas. Ele teria feito um acordo com a bancada evangélica, principal
apoiadora do projeto, para acelerar o processo. Esse movimento foi visto como
um desrespeito aos direitos das mulheres.
Em São Paulo e em Belo Horizonte, as manifestações alcançaram um ápice quando um boneco representando Arthur Lira foi queimado pelas mulheres. O vídeo do evento rapidamente se espalhou pelas redes sociais, ampliando a pressão sobre o presidente da Câmara. Elas carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem exigindo respeito aos seus direitos e a retirada do projeto.
RECUO - Diante da
avalanche de críticas, Arthur Lira tem tentado adotar um tom conciliador. Em
uma tentativa de acalmar os ânimos, ele afirmou que não há pressa para votar o
projeto, sugerindo uma abertura para mais debates e discussões.
Mas as manifestantes não se deixaram
enganar: querem a retirada completa do projeto e a garantia de que seus
direitos não serão mais tratados como moeda de troca em acordos políticos
obscuros.
ENTENDA - O
projeto, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcate (PL-RJ), propõe mudanças
drásticas, aplicando suas regras inclusive para casos em que o aborto é
atualmente autorizado pela legislação brasileira, como gravidez decorrente de
estupro. Hoje, o aborto é proibido com penas de 1 a 3 anos de prisão, exceto
nos casos de estupro, risco à vida da mãe e feto anencéfalo, onde a interrupção
é permitida a qualquer momento sem prejuízos legais para a mulher.
Uma pesquisa recente do instituto Datafolha revelou que
66% dos brasileiros não apoiam o projeto de lei que equipara o aborto ao crime
de homicídio simples. Apenas 29% dos entrevistados são favoráveis ao projeto.
Outros 2% se mostraram indiferentes e 4% não souberam opinar.
O levantamento também mostrou que 52% dos
evangélicos apoiam a ampliação do acesso ao procedimento de interrupção de
gravidez para além das situações previstas em lei.
Fonte: Brasil 247
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