MDB, PSD, PP, União Brasil e Republicanos - todos com representantes na Esplanada - reduziram seu apoio ao governo federal no Congresso, mostra levantamento
Em seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT) enfrenta uma
realidade desafiadora no Congresso Nacional. Mesmo com a experiência acumulada
em seus mandatos anteriores, o petista se depara com dificuldades
significativas para aprovar projetos que transcendem a agenda econômica. A
recente votação no Congresso, que resultou em derrotas importantes, evidenciou
a necessidade de reorganização da articulação política do governo.
Análise feita pelo jornal O Globo revela
que partidos aliados, mesmo com ministérios sob seu comando, têm seguido menos
as orientações do Executivo. Em comparação a 2023, a taxa de adesão desses
partidos às diretrizes do governo caiu consideravelmente.
O PSD, responsável por três ministérios importantes (Minas e
Energia, Agricultura e Pesca), ilustra bem essa mudança. A fidelidade do
partido às orientações governamentais caiu de 86% em 2023 para 74% em 2024. Um
exemplo dessa dissonância foi em maio, quando o partido votou majoritariamente
contra um destaque do PT no projeto anti-MST.
O MDB, também à frente de três ministérios (Transportes,
Cidades e Planejamento), viu sua taxa de apoio cair de 81% para 69% no mesmo
período. Segundo o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), o partido
tem cumprido seu papel nas pautas econômicas prioritárias, mas enfrenta
dificuldades em manter a unidade devido à diversidade de suas bancadas,
incluindo membros que ainda possuem vínculos com o bolsonarismo, como o
ex-ministro Osmar Terra (MDB-RS).
O Republicanos, que controla o Ministério de Portos e
Aeroportos, também registrou uma queda na adesão às orientações do governo, de
77% em 2023 para 70% este ano. O vice-líder da legenda na Câmara, Lafayette de
Andrada (Republicanos-MG), justifica a queda como uma coincidência dos temas
votados, destacando a postura independente do partido.
O União Brasil e o PP, ambos com ministérios no governo,
também mostraram uma redução no apoio às pautas governamentais. A taxa de
alinhamento do União Brasil caiu de 71% para 63%, enquanto a do PP diminuiu de
75% para 65%. O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (União-BA), mencionou
que questões sociais controversas, como o aborto e a “saidinha” de presos, são
monitoradas de perto pelos eleitores, dificultando o controle do governo sobre
os votos.
Mesmo com um aumento na liberação de emendas parlamentares — R$
19,8 bilhões até o momento — a adesão dos partidos não acompanhou a liberação
desses recursos. Em abril, o governo federal empenhou R$ 13 bilhões, mas, em
maio, enfrentou um dos piores desempenhos na Câmara. Isso sugere que a
estratégia de liberar emendas, tradicionalmente utilizada para garantir apoio,
não tem surtido o efeito desejado.
As emendas especiais, popularmente conhecidas como
"Emendas Pix", e as emendas de comissão não foram repassadas com a
mesma velocidade, o que pode estar contribuindo para a falta de apoio
consistente no Congresso. Até agora, não houve empenhos significativos das
transferências especiais, e das emendas de comissão, apenas R$ 3,4 bilhões dos
R$ 15,3 bilhões previstos foram empenhados.
Diante desse cenário, aliados de Lula defendem a necessidade de
encontros regulares entre o presidente e os líderes dos partidos aliados para
consolidar a base no Congresso. Jaques Wagner, líder do governo no Senado,
sugere uma abordagem mais direta, cobrando um comprometimento mais firme dos
partidos.
Com projetos cruciais como a regulamentação da reforma
tributária e o Mover, que inclui a “taxa da blusinha”, em tramitação, a
urgência para reorganizar a base e garantir apoio é evidente.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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