Presidente criticou os ataques à democracia feitos pela extrema-direita e o retrocesso de direitos trabalhistas
Em discurso na 112ª Conferência Mundial do Trabalho da OIT
(Organização Mundial do Trabalho), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
foi aplaudido de pé ao defender a democracia e criticar os ataques feitos a ela
pela extrema-direita em todo o mundo. “Sem a democracia, um torneiro
mecânico jamais teria chegado à Presidência da República de um país como o
Brasil”, disse, sobre a própria eleição em 2002.
Lula também criticou o retrocesso e a violação de direitos
trabalhistas promovidos por outros governos, em referência clara a Jair
Bolsonaro (PL). “Os ataques à democracia historicamente implicaram em perdas de
direitos. Não é mera coincidência que meu país foi investigado por violar
normas desta organização durante o governo anterior. O extremismo político
ataca e silencia minorias, negligencia os mais vulneráveis e vende muita
ilusão. A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que
espalham mentiras e ódio”, afirmou.
O presidente falou sobre a importância da recuperação da
bandeira anti-hegemônica pelos setores progressistas e populares, e criticou a
visão econômica neoliberal, que defende a redução do tamanho do Estado. “A
contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema direita. A
bandeira anti-hegemônica precisa ser recuperada pelos setores populares,
progressistas e democratas. Recuperar o papel do Estado como planejador do
desenvolvimento é uma tarefa urgente. A ‘mão invisível’ do mercado só agrava a
desigualdade. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo
aumento dos salários, gerando insatisfação e muita polarização. Não se pode
discutir economia e finanças sem discutir emprego e renda”, declarou.
Lula também voltou a defender a taxação de super-ricos,
considerada a principal pauta da presidência do Brasil no G20. “O Brasil está
impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20. Nunca
antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que
detêm quase US$15 trilhões. Isso representa a soma dos PIBs de Japão, Alemanha,
Índia e Reino Unido”, disse.
Por fim, tratou sobre as mudanças
climáticas e citou o exemplo das enchentes no Rio Grande do Sul, que mataram
centenas de pessoas no mês de maio. “A concentração de renda é tão absurda que
alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, certamente
tentando encontrar um planeta melhor que a Terra, para não ficar no meio dos
trabalhadores, que são responsáveis pela riqueza deles. Não precisamos buscar
saída em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado. As enchentes que
levaram destruição ao Sul do Brasil, ao Quênia e à China, e as secas na
Amazônia, na Europa e no continente africano mostram que o planeta já não
aguenta mais”, alertou Lula.
Fonte: Brasil 247
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