Projeto original foi apresentado em 2016 por Wadih Damous, que vê "oportunismo" na decisão de Lira. Presidente da Câmara diz que análise será de outro projeto, apresentado em 2023
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL),
decidiu pautar para votação um requerimento de urgência que pode mudar a forma
como delações premiadas são tratadas no Brasil. O projeto proíbe a validação de
delações feitas por réus presos e impõe penalidades para a divulgação dos
conteúdos desses depoimentos, relata o g1.
Por meio da delação premiada, acusados ou indiciados podem
obter benefícios, como a redução de pena ou a progressão de regime, em troca de
informações sobre o crime cometido.
A proposta tem raízes no projeto apresentado em 2016 pelo então
deputado Wadih Damous (PT-RJ). Na época, o governo da presidente Dilma Rousseff
(PT) enfrentava um golpe mascarado de processo de impeachment e a perseguição
política e judicial promovida pela operação Lava Jato avançava.
Damous defendia que a delação premiada deveria ser
limitada a réus em liberdade e que a divulgação dos depoimentos deveria ser
criminalizada. Em entrevista à GloboNews, Damous disse ver
"oportunismo" de Lira ao pautar o projeto: "gostaria muito de
perguntar ao meu ex-colega de Câmara, deputado Arthur Lira, que virtudes ele vê
nesse projeto hoje que ele não viu há quase 10 anos. Eu defendo o mérito do
projeto, mas não há cabimento emprestar regime de urgência. Qual é a urgência
de um projeto que estava engavetado há quase 10 anos?”.
Arthur Lira esclareceu que, apesar da proposta original ser de
Damous, a discussão será baseada em projeto mais recente, de Luciano Amaral
(PV-AL), apresentado em 2023. "O projeto de Damous é tão ruim que seria
rejeitado", declarou Lira a Julia Duailibi, do g1. Ambos os projetos visam restringir as
delações de réus presos, mas o de Damous inclui a criminalização da divulgação
dos depoimentos.
A urgência do tema foi respaldada por líderes de vários
partidos, incluindo Romero Rodrigues (PODE-PB), Elmar Nascimento (União
Brasil-BA), Aureo Ribeiro (SDD-RJ), Altineu Côrtes (PL-RJ) e Isnaldo Bulhões
Jr. (MDB-AL). Segundo Lira, há um consenso na Câmara e no Judiciário sobre a
necessidade de limitar as delações premiadas, argumentando que "todo mundo
defende" a mudança.
Um ponto crucial que ainda gera dúvidas é se o novo projeto terá
poder retroativo, o que poderia impactar delações já validadas, como a do
ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid.
Além disso, a proposta prevê penas de um a quatro anos e
multa para aqueles que divulgarem o conteúdo dos depoimentos colhidos,
independentemente de estarem pendentes ou não de validação judicial.
Com o requerimento de urgência aprovado,
a proposta pode ser votada diretamente no plenário, acelerando seu trâmite
legislativo. A competência para colocar a matéria em votação é do próprio
presidente da Câmara, Arthur Lira, que sinalizou apoio às mudanças.
Fonte: Brasil 247 com informações do g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário