Medida liminar atinge conteúdos específicos de canais no YouTube
Por Douglas Corrêa, repórter da Agência Brasil - As postagens veiculadas por policiais que disseminam
discursos de ódio em programas de podcast e videocast no YouTube estão
suspensas por determinação da Justiça Federal. A decisão atendeu parcialmente a
pedidos do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União
(DPU). A medida liminar atinge conteúdos específicos dos canais Copcast, Fala
Glauber, Café com a Polícia e Danilsosnider.
De acordo com a ação, as postagens configuram também
abusos no direito à liberdade de expressão. Ao decidir pela suspensão, e não
exclusão definitiva, dos conteúdos, a Justiça quer assegurar a tutela de
direitos humanos sem comprometer a liberdade de expressão e a atividade
econômica dos réus, mantendo a reversibilidade da decisão até o julgamento
final.
O procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto do MPF no
Rio de Janeiro, Julio Araujo, classificou a medida como fundamental para
combater esse tipo de postagem. “O estímulo à violência policial contido nesses
vídeos estigmatiza a população negra, pobre e periférica, merecendo resposta do
Estado e atuação da empresa que hospeda os canais”, avaliou.
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro também foi
notificada para prestar informações sobre os procedimentos adotados para
efetivar os termos da Instrução Normativa nº 0234/2023 (sobre o controle de
postagens em redes sociais). O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
foi oficiado para que, no prazo de 15 dias, manifeste se tem interesse em
compor o polo ativo da ação civil pública.
Discurso de ódio - O caso
começou a ser apurado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF
no Rio de Janeiro por meio de inquérito civil, após reportagens do Ponte
Jornalismo – site de jornalismo independente – destacarem o conteúdo violento
veiculado por policiais em diversos canais do YouTube, em programas de podcast
e videocast.
Na ação civil pública ajuizada em maio, o MPF e a DPU
solicitaram à Justiça Federal a exclusão imediata dos trechos mencionados na
ação e da adoção proativa de medidas pelo Google para casos futuros. Também foi
solicitada a fiscalização e moderação, pelo Google, do conteúdo postado em
canais específicos, como Copcast, Fala Glauber, Café com a Polícia e
Danilsosnider. A intenção é que a empresa implemente um planejamento que
permita a análise contínua do conteúdo e a rápida exclusão de material
discriminatório.
Indenização - Ainda foi
requerido à Justiça que determine ao Estado que regulamente discurso de ódio
por membros da Polícia Militar, incluindo-o na Instrução Normativa nº
0234/2023, com a adoção de medidas disciplinares em relação aos casos já
mencionados e descritos na ação judicial. Por fim, o MPF e a DPU solicitaram
ainda a condenação do Google ao pagamento de indenização de R$ 1 milhão e, dos
policiais, de R$ 200 mil por danos morais coletivos.
A Agência Brasil não conseguiu contato com o Google
até o fechamento da matéria. A Polícia Militar ainda não respondeu ao pedido.
Fonte: Brasil 247 com informações da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário