Chanceler brasileiro destacou a necessidade de reforço do multilateralismo de organizações como a ONU e o BRICS para confrontar os problemas globais e dar mais voz ao Sul Global
Sputnik - Mauro
Vieira participou nesta segunda-feira (10) de um encontro de chanceleres do
BRICS em Nizhny Novgorod, Rússia.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil felicitou a
presença dos homólogos do Egito, dos Emirados Árabes Unidos, da Etiópia e do
Irã.
"Esta reunião ocorre contra o pano de fundo de um mundo em
desordem. Um mundo que não conseguiu superar a fome e a pobreza, que está
caminhando para um ponto de inflexão no aquecimento global e que não evitou a
eclosão de conflitos e desastres humanitários", disse Vieira,
acrescentando que "as Nações Unidas e outras instituições multilaterais
estão marginalizadas ou paralisadas, e o direito internacional, incluindo
princípios humanitários básicos, está sendo flagrantemente desconsiderado, como
estamos testemunhando em Gaza".
No entanto, aponta ele, "contra todas as
probabilidades", o BRICS "materializa a crescente influência do Sul
Global nos assuntos internacionais".
"A Declaração da Cúpula de Joanesburgo II [de 2023] suprime
uma base sólida para avançarmos. Estou confiante de que a cúpula de Kazan
reafirmará os principais princípios de nossa frutífera colaboração sob os três
pilares: segurança política; cooperação econômica e financeira; e cooperação
cultural e entre povos."
"Primeiro, nossos líderes pediram que os ministros
das Finanças e os presidentes dos bancos centrais considerassem a questão das
moedas, dos instrumentos de pagamento e das plataformas locais. Esse é um tema
que foi levantado pelo presidente Lula [da Silva] em Joanesburgo e no qual o
Brasil espera que os novos membros estejam totalmente engajados. Certamente
também será um tópico importante da presidência brasileira do BRICS no próximo
ano", afirmou o ministro Vieira.
Mauro Vieira pediu igualmente o reforço do multilateralismo,
particularmente nas Nações Unidas, e sugeriu uma "categoria de associação
ao BRICS", que, segundo ele, "responderia ao crescente interesse de
muitos países do Sul Global em participar do BRICS".
"Nossos sherpas [representantes] têm discutido
possíveis princípios orientadores, padrões, critérios e procedimentos.
Acreditamos que chegaremos a um consenso até a cúpula de Kazan", em
outubro de 2024, referiu.
"Tenha certeza, sr. presidente
[Lula], de que o Brasil continua totalmente comprometido em trabalhar de forma
construtiva sob sua orientação para concluir a tarefa que nos foi confiada. O
Brasil valoriza o BRICS, que se tornou indispensável para o avanço dos
interesses do Sul Global. Continuaremos total e construtivamente engajados no
reforço dessa plataforma. Muito obrigado", concluiu o alto responsável
brasileiro.
Fonte: Brasil 247 com Sputnik
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