domingo, 2 de junho de 2024

Fake news e negacionismo climático sobre tragédia no RS geram lucro no YouTube; entenda

 

Chuvas no RS: pessoas tentam atravessar ruas alagadas no bairro Navegantes, em Porto Alegre — Foto: Carlos Fabal

Mesmo depois de assinar um acordo de cooperação para evitar a disseminação de fake news sobre as enchentes no RS, o YouTube tem permitido que canais lucrem com conteúdos falsos sobre a tragédia e promovam discursos negacionistas sobre as mudanças climáticas. Segundo o NetLab, laboratório da UFRJ, vídeos desinformativos seguem monetizados, acumulando mais de 2,3 milhões de visualizações desde maio.

Uma das principais frentes de desinformação tem sido a atuação dos governos durante a crise no estado. Com 240 mil visualizações, um vídeo distorce uma fala da ministra do Planejamento, Simone Tebet, alegando que o governo federal só mandaria recursos quando a água baixasse. O discurso de Tebet, na verdade, referia-se à necessidade de medir a extensão da tragédia para calcular os gastos necessários.

A ministra Simone Tebet – Foto: Reprodução

Outro vídeo monetizado sugere falsamente que o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul estava proibido de usar jet skis nas regiões afetadas pelas enchentes. A corporação desmentiu essa afirmação.

O YouTube afirmou que não recomenda conteúdos desinformativos sobre mudanças climáticas e exibe vídeos de fontes confiáveis nos resultados de pesquisa. A plataforma também proíbe a monetização de conteúdos que tratam as mudanças climáticas como mentira ou golpe.

Outros casos

Um vídeo com mais de 10 mil visualizações reproduz uma fala falsa do deputado português André Ventura, alegando que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia recusado ajuda internacional para as vítimas da tragédia. As doações de Portugal estavam em triagem para separar itens e verificar a validade de produtos perecíveis.

O NetLab/UFRJ destaca que vídeos monetizados lançam dúvidas sobre os efeitos das mudanças climáticas, como um vídeo de um canal de investimentos que nega a relação entre as mudanças climáticas e as chuvas no Rio Grande do Sul. A afirmação contraria o consenso científico que liga a intensidade de fenômenos como as chuvas às mudanças climáticas.

Especialistas apontam que tanto a frequência quanto a intensidade de fenômenos como as chuvas no Rio Grande do Sul são influenciadas pelas mudanças climáticas. Segundo o Inmet, maio passado foi o mês mais chuvoso da história de Porto Alegre desde 1910.

Fonte: DCM

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